São Pedro Velho espera milhares de visitantes para saborear "o morango mais doce do país"
No próximo fim de semana, São Pedro Velho, uma pequena aldeia do concelho de Mirandela, com menos de 200 habitantes, rotulada como a capital do morango do nordeste transmontano por produzir, provavelmente, os morangos mais doces do país, prepara-se para receber milhares de pessoas na 13.ª edição da feira dedicada àquele fruto. Apenas quatro agricultores produzem anualmente cerca de 100 toneladas. Estima-se que dez por cento da produção seja vendida nos próximos dois dias.
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"É só apanhá-los com muito cuidado, porque o morango é muito sensível e também é preciso colocar na caixa com muito cuidado porque se assim não acontecer no dia seguinte já está podre." Aos primeiros raios de sol, Sónia, Judite e mais sete pessoas davam início ao delicado processo de apanha do morango às portas da aldeia de São Pedro Velho. Um morangal com cerca de 1,2 hectares coberto por centenas de metros de plástico e este ano com muita produção. "Eles não despegam uns dos outros, são aos montões, nunca vi tanto morango", conta Judite.
Entre os trabalhadores, nota-se pouca juventude. Sónia tem uma explicação. "Se calhar não querem andar aqui amarrados". Mas Judite nega que seja um trabalho duro. "Nem por isso, é uma fisioterapia que andamos a fazer, é fácil, não custa nada é só colher e andar", diz.
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O morangal é de Manuel Andrade, um dos quatro agricultores da aldeia que anualmente produzem cerca de 100 toneladas de morangos que são vendidos na região, mas também em Espanha, e empregam, sazonalmente, cerca de 50 pessoas.
Começou há 34 anos, influenciado por familiares emigrantes que se dedicavam ao setor e nunca mais parou. Já produz cerca de 20 toneladas e diz que não tem problemas de escoamento. "Não temos problemas. Ainda agora só era para levar 150 caixas, mas já me pediram mais 30 ou 40", conta.
E nem a seca do ano passado afetou a produção. "O inverno foi bom, eles enraizaram bem, a folhagem está muito bem conservada, não temos doenças nas plantas e nós também só utilizamos produtos biológicos para proteger a saúde das pessoas", refere.
O microclima que existe na aldeia do concelho de Mirandela, propício ao cultivo do fruto, o solo rico em potássio, são fatores que conferem um aroma especial ao fruto, mais doce que o habitual. "Este solo é raiado pelo sol, tem aqui estes morros para tirar os ventos frios e isso é importante", adianta.
Estes morangos "não precisam de açúcar", garante.
No fim de semana, a junta de freguesia volta a promover a feira do morango, a presidente espera uma enchente até porque diz ser o momento mais aguardado do ano. "Temos vários emigrantes que já marcam as férias para esta altura para poderem estar presentes. É sempre um marco e na aldeia, nos próximos dois dias, poderão estar cerca de mil pessoas ligadas à aldeia, mas claro que visitantes serão muitos mais", espera Fernanda Guerra.
Na feira do fim de semana, espera-se que sejam vendidos perto de dez toneladas de morangos.
Além do morango, a feira também é dedicada ao vinho, outro importante produto de referência de São Pedro Velho. "Temos um produtor que já não tem capacidade para atender tantas encomendas. Mas como o vinho é algo que está o ano todo, não tem uma época especial, e toda a gente acaba por não ligar tanto, enquanto o morango é da época e acaba por atrair mais pessoas porque já tem a fama de ser muito doce", conta Fernanda Guerra.
Sábado e domingo, São Pedro Velho recebe a 13.ª edição da feira do vinho e morangos com meia centena de expositores. Do vasto programa de atividades constam uma caminhada que inclui uma visita a morangais e uma prova de vinhos, um passeio TT e muita animação musical.