Por ano seriam necessários 384 milhões de euros, de acordo com as contas da Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios.
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As contas da Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios calcularam serem necessários quase oito mil milhões de euros em 20 anos para acabar com a pobreza energética. Num documento promovido pelo Governo e que esteve em consulta pública, é delineada uma estratégia de combate à pobreza energética de dois milhões de portugueses que passa por substituir as janelas antigas por caixilhos de PVC com vidro duplo.
O documento ainda está em progresso, e o Ministério do Ambiente e da Ação Climática adianta que a concretização destes objetivos vai beneficiar de outro instrumento: a Estratégia Nacional para o Combate à Pobreza Energética, que ainda não saiu da gaveta do secretário de Estado da Energia.
O orçamento está feito, mas falta começar as obras. Por ano seriam necessários 384 milhões de euros para concretizar o isolamento térmico de fachadas e coberturas e substituir vãos envidraçados por caixilhos de PVC com vidro duplo. A estimativa aponta para um prazo de 20 anos com uma fatura total de 7671 milhões de euros.
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A Estratégia de Longo Prazo para a Renovação dos Edifícios analisa as necessidades energéticas e o conforto térmico do parque de edifícios em Portugal. É além disso analisado o potencial impacto das medidas na redução das despesas de saúde, bem como a possibilidade de haver maior produtividade com maior conforto térmico.
A Estratégia passa por intervenções que não obriguem ao aumento de consumo da energia, ou seja, é feita uma abordagem à envolvente passiva dos edifícios, como é o caso dos isolamentos e dos revestimentos.
De acordo com o documento que esteve em consulta pública e que cita um inquérito anual do Eurostat, 19% da população em Portugal pode estar em situação de pobreza energética, o que perfaz dois milhões de habitantes. Não são apenas os pobres a terem casas desconfortáveis: há quatro milhões de alojamentos residenciais a precisarem de obras. Quase dois terços do parque habitacional existente é anterior a 1990, ano da primeira lei sobre as regras de eficiência energética dos edifícios.
Para dar resposta a estas situações, a Estratégia adianta que é preciso apoiar "as famílias mais vulneráveis na reabilitação das suas casas", ajudando-as a reduzir os encargos com os fornecimentos de eletricidade e de água.
Em resposta ao Jornal Público, o gabinete do ministro do Ambiente explica que isto pode ser feito com a "atribuição de cheques-energia para famílias com baixos rendimentos", uma ajuda que suporte os investimentos em eficiência energética. Por outro lado, está a ser estudado o "alargamento da atribuição da tarifa social" a situações de pobreza energética.