
Foto: Artur Machado/Global Imagens
Portugal já registou 20 casos de sarampo desde janeiro, segundo a DGS, quase metade em pessoas não vacinadas. Em declarações à TSF, o professor de saúde pública Tiago Correia defende que a resposta passa pela comunicação, por capacitar mais os profissionais de saúde e pelo reforço da confiança nas vacinas
Na luta contra o sarampo, todos os caminhos vão dar à vacinação e, por isso, Tiago Correia, professor de saúde pública ligado ao Instituto de Medicina Tropical, apela à população que opte por se proteger contra a doença. Em declarações à TSF, o investigador avisa que "os riscos das vacinas não são maiores do que os riscos das doenças".
Portugal já registou 20 casos de sarampo desde o início do ano. A informação foi adiantada, esta terça-feira, pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Todos os casos são "importados" e nove deles surgiram em pessoas não vacinadas.
Tiago Correia não esconde a preocupação diante destes números. "[Olho com] preocupação porque nós estamos a assistir, em particular na Europa - mas não excluo em Portugal -, fenómenos de hesitação vacinal, que se podem também transformar em recusa das vacinas. Ou seja, as pessoas começarem a considerar que os riscos das vacinas são maiores do que os riscos das doenças, o que não é verdade", sublinha.
Ainda assim, o professor de saúde pública confessa que também tem alguma "confiança", uma vez que "Portugal continua a ser um caso de sucesso a nível europeu no Programa Nacional de Vacinação"
"Continuamos a ter, em concreto para o sarampo, elevadíssimas coberturas e, nesta medida, nós não estamos a enfrentar uma situação tão preocupante como outros países. Em todo o caso, eu não excluo que a situação da hesitação vacinal também possa vir a aumentar no país", acrescenta.
Para combater um possível aumento de novos casos, Tiago Correia defende que a solução passa por dar resposta ao medo e às hesitações das pessoas e por transmitir os riscos residuais que as vacinas possam ter. "As autoridades devem também saber comunicar sobre este medo às pessoas e explicar quais são os riscos residuais efetivos de uma vacina", afirma.
Além disso, o professor destaca que "os profissionais de saúde devem ser mais capacitados, mais formados em estratégias de comunicação empática, de enquadramento de dúvidas que as pessoas possam ter de forma legítima".
Outro fator a ter em conta é a observação da evolução de casos, "para que a população tenha uma perceção do risco real sobre a exposição que possam ter a um determinado agente infecioso e, nessa medida, estarem mais acauteladas sobre as necessidades e os benefícios de se protegerem por via da vacinação".
De acordo com a DGS, no total, 15 dos casos confirmados correspondem a adultos entre os 20 e os 45 anos e cinco a crianças com idades entre os 5 meses e os 6 anos.
