O arraial Sardinhas Achadas conquistou as escadinhas na Costa do Castelo, em 2011, mas este ano não se realiza na freguesia de Santa Maria Maior depois de queixas de ruído por parte de moradores.
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As Escadinhas da Achada foram, nos últimos anos, uma paragem quase obrigatória para quem passava no Castelo durante os Santos Populares.
Tudo começou em 2011, com uma pequena bancada onde Chloé Pais Daquet vendia cerveja e reunia amigos. A festa foi crescendo e o arraial contou com concertos de música, mostras de cinema e de documentários. Apesar do ambiente mais alternativo, não faltavam as tradicionais sardinhas e as luzes de festa.
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Chloé Pais Daquet, filha de mãe portuguesa e pai francês, que vive em Lisboa há mais de 20 anos, recebeu queixas de ruído por parte de moradores e turistas e teve a licença de ocupação temporária negada por parte da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior.
"Nós tivemos muitas queixas já há dois anos porque, de facto, houve um ultrapassar dos horários. Pela Câmara Municipal de Lisboa tivemos conhecimento de queixas de muitos alojamentos locais e turistas. Aparentemente, este ano houve um grupo de alguns moradores que se juntaram para impedir o arraial e a junta de freguesia tomou essa decisão", admite.
Chloé Pais Daquet garante que ajustou a programação deste ano para o barulho terminar à meia-noite mas não foi suficiente para ter a aprovação da junta de freguesia.
Em declarações à TSF, Célia Mota, chefe de Divisão de Gestão Territorial da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, confirmou que receberam queixas por parte dos moradores, referindo que "o incumprimento é total relativamente aos horários".
Célia Mota acrescentou que os organizadores não cumpriram as regras de distância de segurança de passagem dos equipamentos e pintaram empenas sem autorização. "Foram alertados para isso, não corrigiram".
A chefe de Divisão de Gestão Territorial da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, referiu que "são situações repetitivas, não foi só no ano passado", justificando a decisão de indeferir o pedido de licença de ocupação temporária.
Chloé Pais Daquet critica a decisão referindo que impedir arraiais organizados por moradores do bairro do Castelo "é uma forma de higienização que está a ser feita de uma forma muito subtil. Assusta-nos".
A lusofrancesa defende que o evento "era um suporte para os artistas porque é possível pagar cachet decente às pessoas com a venda do bar. As receitas todas do bar são redistribuídas aos artistas e isso é uma forma de resistência, de apoiar a cultura".
Os organizadores das Sardinhas Achadas garantem que estão a trabalhar num plano B para montar o arraial durante as festas de Santo António. "Vamos ser realojados" na freguesia de Arroios.
Margarida Martins, presidente da Junta de Freguesia de Arroios, confirmou à TSF que estão em negociações com os organizadores do arraial para realizar o evento no Campo dos Mártires da Pátria.