"Se eu fosse estrangeiro, só vinha cá uma vez." Confusão no aeroporto de Faro "mancha" imagem do Algarve
Número de agentes da PSP ainda não foi reforçado. Turistas continuam a esperar horas para saírem do aeroporto
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São muitos os agentes turísticos que esperam na zona de chegadas do aeroporto de Faro os passageiros. Vão observando no quadro elétrico os voos que aterram e onde seguem os turistas que irão transportar para o hotel. António Jacinto está nessa área e tem na mão uma placa com o nome do cliente do Reino Unido que aguarda. “O voo aterrou às 10h20, são 11h45, está a ver... nunca se espera menos de 1h40 e já chegámos a esperar três horas!”, exclama.
O problema está no controlo dos passaportes. José Silva, tal como António, trabalha em empresas de transferes. Todos os dias ambos esperam e desesperam e ouvem muitas queixas dos clientes. “Dizem que não querem voltar mais, porque isto é um abuso e o tempo que perdem aqui é o mesmo que dura o voo”, conta. Lamenta que neste aeroporto, onde chegam muitos voos provenientes de Inglaterra, país que não se encontra incluído no espaço Schengen, o controlo de passaportes seja tão demorado e a situação se prolongue ano após ano, piorando substancialmente no verão.
Os efetivos da PSP na Unidade de Estrangeiros e Fronteiras no aeroporto de Faro, ao contrário do que foi anunciado pelo comando nacional da PSP, ainda não foram reforçados. Em certos dias, em dez cabines existentes, está apenas um ou dois elementos da Polícia de Segurança Pública de serviço. As máquinas automáticas para controlo dos passaportes também continuam sem trabalhar. “Fui viajar em janeiro e elas [as máquinas] estavam envoltas em plástico e ainda continuam”, assegura José.
Num dos parques de estacionamento do aeroporto está colocado o contentor onde se efetua o atendimento das rent-a-cars que não têm espaço concessionado na aerogare. E, ali, os lamentos são parecidos. Pedro Pinheiro, que trabalha numa destas empresas, afirma que nos períodos com maior número de voos e maior confusão à chegada, mesmo quem apresenta passaporte português, tem longas esperas até chegar à saída. “Se eles já sabem que a essas horas há mais voos, porque é que só lá têm uma pessoa a atender?”, questiona.
Ricardo Afonso, outro trabalhador, já vai atrasado para entregar o carro a um cliente, mas ainda atira: “Se eu fosse estrangeiro, só vinha cá uma vez”, garante. Admira-se como é que os turistas ainda escolhem o Algarve como destino de férias. “Eles voltam, mas isto mancha um bocadinho a imagem de Portugal e principalmente a do Algarve”, lamenta.