Se Montenegro cumprir ultimato aos sapadores, "só mostra que lida mal com a democracia"
Em declarações à TSF, Ricardo Cunha assegura que os sapadores-bombeiros vão usar "os mecanismos legais" ao seu dispor, para exigir que os seus direitos sejam "acautelados". Admite por isso novas formas de protesto e luta nas ruas
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O presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS) afirma que se o primeiro-ministro quiser seguir em frente com o ultimato que deixou aos profissionais deste setor, então isso "mostra que lida mal com a democracia".
Luís Montenegro avisou na quinta-feira que o Governo "esgotou" a sua capacidade negocial com as entidades representativas dos sapadores-bombeiros e que avançará "unilateralmente" sem ter em conta as mais recentes aproximações se o impasse persistir. Indo mais longe, afirmou mesmo que essa opção "não iria tão longe" quanto aquela a que estariam "disponíveis para ir com um acordo".
Sobre estas declarações, o líder do SNBS destaca que o Executivo está a lidar com profissionais que estão "habituados à adversidade e são muito resilientes".
"O senhor primeiro-ministro pode dizer o que quiser. Se ele quiser fazer isso, só mostra que lida mal com a democracia, mas o SNBS lida bem com a democracia e temos várias maneiras de fazer a democracia funcionar", atira Ricardo Cunha, em declarações à TSF.
O sindicalista garantiu ainda que o SNBS não vai assinar o acordo proposto pelo Executivo na sexta-feira, rejeitando uma atualização salarial entre cinco e dez por centro e um aumento do subsídio de risco que ronda os 75 euros. Lamenta igualmente aquilo que diz ser uma proposta que vai dividir os sapadores.
"Um bombeiro que tem 20 e poucos anos de carreira ficar a auferir exatamente o mesmo que um bombeiro que tem metade desse tempo acaba por criar conflitos e divisões", sublinha, lamentando que estes "pequenos pormenores" não sejam acautelados.
Denuncia ainda aquilo que considera ser a "falta de ética do Governo, que apresenta uma proposta na sexta-feira às 20h00 e pede uma resposta para segunda-feira".
"Nós, logo lá, identificamos estas irregularidades e questionamos. O Governo simplesmente disse: 'Acontece. É assim.' E acho que não é assim que se deve tratar estes profissionais, que são os mais antigos do nosso país e deviam no mínimo ser merecedores de respeito e nem isso está a haver por parte do Governo, o que lamentamos", defende.
O próximo passo será então falar com a oposição, alertando para as "pequenas irregularidades" encontradas na proposta do Governo e para as "injustiças" que poderão criar. O objetivo é perceber se os partidos estão dispostos a fazer uma proposta que seja discutida em Assembleia da República e, mais tarde, votada e aprovada, forçando a sua aplicabilidade junto do Executivo: "É assim que a democracia funciona."
Ricardo Cunha insiste que "há pessoas que lidam mal com a democracia", mas garante que esse não é o caso do sindicato e, por isso, assegura que os sapadores-bombeiros vão usar "os mecanismos legais" ao seu dispor, para exigir que os seus direitos sejam "acautelados". Admite por isso novas formas de protesto e luta nas ruas.
