
Gonçalo Villaverde / Global Imagens
No final de julho, 79% do território continental estava a ser afetado por uma seca severa ou extrema. Uma percentagem que é de admitir que aumente, diz o Instituto Português do Mar e Atmosfera.
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O último boletim climatológico do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) indica que os restantes 21% do território nacional estavam em seca fraca a moderada. Sendo assim "tendo em conta a época do ano, é expectável que a situação de seca meteorológica se mantenha ou intensifique" admite o IPMA.
Ouvido esta tarde pela TSF, Filipe Duarte Santos, professor da Universidade Nova de Lisboa explica que a tendência na Península Ibérica é para um aumento das secas e para menor índice de precipitação. Segundo o especialista em clima e ambiente, "por década em média tem havido uma redução de 37mm [...] um número bastante significativo sobretudo no sul do país".
Para Filipe Duarte Santos isto são dados que provam que "a alteração climática já está entre nós" e por isso Portugal vai ter de se adaptar a "a um regime de precipitação diferente, com mais fenómenos extremos mais frequentes, sejam inundações [...] e também secas".
Em 31 de julho, segundo o índice meteorológico de seca PDSI, que tem em conta os dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo, a situação de seca mantinha-se em todo o território, verificando-se um ligeiro aumento nas classes de seca severa e extrema face ao mês anterior.
Julho foi um mês quente e seco com valores da temperatura média na ordem dos 23,2 graus, superiores ao normal, e da temperatura máxima na ordem dos 30,4 graus, o nono valor mais elevado desde 1931 e o quinto mais alto desde 2000.
A temperatura mais elevada foi registada no dia 16, em Mirandela (Bragança), quando os termómetros chegaram aos 42,1 graus, enquanto a mais baixa, 5,9 graus, ocorreu no dia 02 em Montalegre (Vila Real).
Durante o mês de julho registou-se igualmente uma onde de calor com a duração de seis dias nas estações meteorológicas de Mirandela, Guarda, Portalegre, Évora e Mértola.
Mirandela, Reguengos, Amareleja e Mértola tiveram temperaturas superiores a 30 graus durante os 31 dias do mês.
A quantidade de precipitação, 3,5 milímetros, foi inferior ao valor médio (13,8 milímetros), seguindo a tendência dos últimos oito meses.
Segundo o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), a quantidade de água armazenada em julho desceu em todas as bacias hidrográficas de Portugal continental, comparativamente com o mês anterior.
Das 59 albufeiras monitorizadas, sete apresentavam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e três tinham disponibilidades inferiores a 40%.