Seca no Algarve: cortes de água ameaçam produção de 95 mil toneladas de frutos
Ou chove mesmo muito até abril, ou vem aí uma época de catástrofe para a agricultura algarvia. A Comissão para a Sustentabilidade Hidroagrícola da região estima prejuízos acima dos 130 milhões de euros.
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A Comissão para a Sustentabilidade Hidroagrícola do Algarve estima prejuízos acima dos 130 milhões de euros, em 2025, e uma perda de 95 toneladas de frutos. As contas são feitas numa altura de seca na região e que obrigou a cortes de água na agricultura algarvia.
"O maior impacto será nos setor dos citrinos, onde se estima uma quebra na produção de 88 mil toneladas de laranjas, 6500 toneladas de abacates, 850 toneladas de frutos vermelhos”, adianta à TSF o responsável da comissão José Oliveira.
“Na vitivinicultura a associação projeta a possível perda de um milhão de garrafas de vinho e nas flores a situação em 2025 poderá ser muito mais radical”, acrescenta.
José Oliveira antecipa um cenário “muito díficil” e não acredita que chova o suficiente para terminar com as restrições impostas. Para a Comissão para a Sustentabilidade Hidroagrícola a questão que se coloca é: “Se não chover e não forem recuperados os 35 hectómetros cúbicos, então o cenário é ainda mais grave. O guião vai ser o mesmo?”
“Ou se criam condições para que exista cultura de regadio ou então deixa de haver agricultura”, alerta, lembrando que nos dias de hoje “ninguém consegue viver com plantações de sequeiro”.
As restrições impostas ao consumo de água para poupar água devido à seca que afeta a região podem também colocar em causa cerca de mil postos de trabalho, só na produção de abacates e frutos vermelhos, alertou a recém-criada comissão, que agrupa 120 produtores, agricultores e associações de regantes do Algarve.
A primeira análise da comissão sobre o impacto dos cortes de água na produção agrícola do Algarve surge depois de, em 17 de janeiro, em Faro, o ministro do Ambiente ter anunciado cortes de 25% para a agricultura e de 15% para o setor urbano.
Duarte Cordeiro anunciou as restrições ao consumo de água no Algarve após uma reunião da comissão que acompanha os efeitos da seca e afirmou, na ocasião, que, "se nada fosse feito relativamente à moderação do consumo, chegar-se-ia ao final do ano sem água para abastecimento público" no Algarve.
Os cortes decididos na reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, que durou quase quatro horas e contou com a presença da ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, foram menores que os que estavam inicialmente previstos para a agricultura e que se estimavam em 70%.