A demissão surge depois das declarações do Presidente da República, que atribuiu "peso político negativo" ao caso.
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A secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, apresentou esta quinta-feira a demissão que foi "prontamente aceite". Esteve cerca de 24 horas no cargo.
Numa nota de imprensa enviada às redações, a saída da governante deve-se ao facto de Carla Alves "entender não dispor de condições políticas e pessoais para iniciar funções no cargo".
Questionada pela SIC Notícias, a Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes recusou comentar a saída, referindo apenas que secretária de Estado se demitiu ao final da tarde, sem "nada mais a acrecentar."
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O Correio da Manhã noticiou esta quinta-feira que a nova secretária de Estado da Agricultura tem várias contas bancárias arrestadas, no âmbito de uma investigação que envolve o seu marido e antigo presidente da Câmara de Vinhais, Américo Pereira.
Isto depois de Carla Alves ter sido empossada secretária de Estado da Agricultura esta quarta-feira, no Palácio de Belém.
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Durante a tarde, António Costa defendeu a secretária de Estado da Agricultura no Parlamento. "Não vamos discutir a parte criminal, porque o próprio jornal diz que não foi acusada. A secretária de Estado disse-me que nas contas delas não consta nenhum rendimento não declarado. Tudo o que ganhou, declarou", disse António Costa durante o debate da moção de censura apresentada pela Iniciativa Liberal.
O primeiro-ministro disse que se tal acontecesse, a secretaria de Estado não teria condições para continuar no Governo.
"Então e vamos ser nós, vou ser eu a substituir-me ao Ministério Público por uma razão que eu não tenho, que eu não conheço e que eu não sei de nada? (...) E vou demitir a mulher de alguém porque o marido é acusado?", questionou o primeiro-ministro.
À margem de um evento da Amnistia Internacional, o Presidente da República disse que o caso da nova secretária de Estado da Agricultura tinha "peso político negativo".
O chefe de Estado afirmou que "do ponto de vista estritamente do direito, [Carla Alves] não é arguida, não é acusada e do ponto de vista do controlo constitucional e legal não há, neste momento, com os factos conhecidos, nenhum caso de inconstitucionalidade a nível legal".
Contudo, a "nível político", uma pessoa que "tem uma ligação familiar próxima com alguém que é acusado num processo de uma determinada natureza criminal à partida tem uma limitação política", caracterizando o exemplo com um "ónus político".
"Portanto, não acho que seja um problema político, nem, para já, ético, mas politicamente é um peso negativo porque com o escrutínio que há na opinião pública, aparece com esse peso", concluiu Marcelo.