Secretário de Estado pede "prudência" sobre subida média de salários, mas vê "lado profundamente positivo"
"Os ganhos salariais são reais e estamos a conseguir ter uma boa dinâmica relativamente ao mercado de trabalho", dia à TSF o secretário de Estado do Trabalho.
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O secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, afirma que é preciso ser prudente na análise da subida do nível médio dos salários em Portugal, ainda que aponte um lado "profundamente positivo" nos dados publicados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística.
"Temos de olhar para estes números com prudência, mas sem poder deixar de sublinhar o seu lado profundamente positivo. Efetivamente, os ganhos salariais são reais e estamos a conseguir ter uma boa dinâmica relativamente ao mercado de trabalho", afirma à TSF Miguel Fontes.
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O governante afirma que os aumentos salariais são "uma questão essencialmente que diz respeito ao setor privado", já que "mais de 91% do emprego criado desde 2019 em Portugal" foi fora da esfera do Estado.
"Portanto, é aí que o tema se joga de forma significativa. Aí, aquilo que fizemos foi assumir um acordo de médio prazo - vai até ao final de cada legislatura, até 2026 - com o objetivo de fazer crescer os salários em pelo menos 20% nominalmente até 2026, o que significou um aumento de 5,1%, pelo menos, para este ano e nos anos seguintes, pelo menos 4,8%. Essa trajetória até foi superada, quando verificamos que o salário médio cresceu mais de 6,7% face a 2022. Isto são dados reais", refere o secretário de Estado.
Miguel Fontes considera ainda que os números do emprego em Portugal devem deixar o país muito satisfeito.
"Temos de facto dados, não diria para comemorar, mas que nos devem deixar muito, mas muito, satisfeitos. Nós chegámos a um valor absolutamente recorde da população empregada em Portugal. São quase cinco milhões de pessoas que estão a participar neste momento no mercado de trabalho e os setores de atividade que estão a crescer são todos. E é verdade que há um crescimento dos salários acompanhado desta situação do crescimento do mercado de trabalho, em que todas as modalidades de contratação estão a crescer", explicita o secretário de Estado do Trabalho.
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Ainda assim, há uma questão que inflaciona os números neste momento: "É evidente que nesta altura do ano, não vale a pena ignorar, há sempre um efeito de sazonalidade que melhora historicamente os números do emprego. Agora, aquilo que nós temos é, felizmente, uma taxa de desemprego que agora foi estimada para o segundo trimestre pelo Instituto Nacional de Estatística em 6,1%. Valores muito significativos sobre todos os segmentos. Portanto, nós estamos a conseguir crescer de uma forma sustentada, de uma forma absolutamente determinada, no nosso mercado de trabalho."
O governante avisa ainda para as leituras incorretas dos números do Instituto Nacional de Estatística, alertando para a nota metodológica, quando questionado sobre a perda de 128 mil trabalhadores com ensino superior.
"Perante os números, nós podemos ter várias leituras. Agora, o que não podemos é ter leituras que se baseiam em pressupostos que estão errados, porque a própria nota metodológica que acompanha a divulgação dos dados do INE refere que há um efeito perturbação por via de uma questão metodológica. Tem a ver com o facto de, durante a pandemia, o peso dos licenciados ter sido sobrestimado na amostra porque eram as pessoas que estavam em teletrabalho e, portanto, foram aquelas que responderam ao inquérito", esclarece Miguel Fontes.
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Assim, as comparações homólogas podem ter incorreções práticas, segundo o secretário de Estado.
"Agora, quando fazemos comparações homólogas, aparece uma queda abrupta de pessoas com licenciatura a terem desaparecido no mercado de trabalho. Ora, se formos prudentes, rapidamente percebemos que não é possível fazer títulos a dizer que, num ano, Portugal perdeu 128 mil trabalhadores com ensino superior, pela simples razão de que não há nem evidência na emigração. Nós temos um saldo de pessoas que saem à volta das 25 mil por ano de Portugal. Não há este número de pessoas a reformar-se do ensino superior ao mesmo tempo, portanto, não há forma de explicar este número que não seja, como o próprio INE sugere na sua nota metodológica e chama a atenção para esse facto, de que é preciso ser muito prudente a fazer comparações homólogas por via desta questão metodológica", aponta.
A remuneração bruta total mensal média por trabalhador (posto de trabalho) aumentou 6,7% no segundo trimestre, em termos homólogos, para 1.539 euros, pela segunda vez consecutiva desde novembro de 2021, foi divulgado esta quinta-feira.
De acordo com as estatísticas do emprego sobre remuneração bruta mensal média por trabalhador do Instituto Nacional de Estatística (INE), "em termos reais, as remunerações brutas mensais médias aumentaram pela segunda vez consecutiva desde novembro de 2021" no segundo trimestre deste ano.