A SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social fala de guerrilha entre partidos e compara o cenário actual ao do fim da I República que conduziu à ditadura do Estado Novo.
Num manifesto a que a TSF teve acesso e que esta quinta-feira também estará no Diário de Notícias, a SEDES apresenta um voto de protesto pela forma como a discussão politica está a ser feita em Portugal num momento tão grave.
O documento é assinado, entre outros, pelo presidente da SEDES, Luís Campos e Cunha, Medina Carreira, Henrique Neto e João Salgueiro.
A SEDES sugere exemplos que deviam ser seguidos, como o de Espanha, que percebeu cedo a dimensão da crise e adoptou as medidas difíceis que se impunham evitando a situação em que Portugal se encontra. Mesmo assim, acrescenta a SEDES, o primeiro ministro, José Luís Rodriguez Zapatero, decidiu não se recandidatar.
O outro exemplo apontado é o da Irlanda, onde o tratamento da crise financeira foi feito com o mínimo de ruído político partidário.
Em Portugal não é possível ficar indiferente ao clima de guerrilha entre os partidos. A SEDES afirma que a situação faz lembrar a miopia dos partidos da I República que abriram as portas à ditadura.
A SEDES protesta também contra um debate centrado em "fait divers" que acaba por dificultar a compreensão das causas do descalabro económico e também a procura das melhores soluções.
O grupo de reflexão liderado por Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças do Governo PS, entende que a imponderação partidária conduziu o país a um enxovalho no plano internacional.
A SEDES diz também que Portugal tem de ser capaz de crescer economicamente, deve dar prioridade ao combate ao desemprego, à disciplina das finanças públicas e ao investimento produtivo.
É também fundamental que a justiça funcione melhor, que de cima cheguem bons exemplos e que os portugueses sejam capazes de reforçar a intervenção cívica, defende.
A SEDES conclui apelando aos portugueses para que reforcem o trabalho e o esforço de solidariedade.
Entretanto, em declarações à TSF, o presidente da associação deu três exemplos que justificam a comparação da situação actual à vivida no fim da I República: o «divórcio crescente dos partidos em relação à população», o facto de cada vez mais a classe politica viver «para discutir problemas entre si e não os reais problemas» do país e ainda a falta de resposta para os problemas realmente importantes.
O ex ministro das Finanças comentou também o facto de o desemprego ter atingido, nos primeiros três meses do ano, o valor mais alto de sempre, 12,4 por cento, admitindo que esse valor continue a subir nos próximos tempos.