Em apenas uma semana, inquérito de associação do setor revela aumento dos restaurantes em risco de falência.
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Foi e é um dos setores que começou e continuava a ser mais afetado pela crise pandémica, mas aquilo que se mantinha mau agravou-se nas últimas semanas com o disparar dos números de novos casos de Covid-19. O presidente da Associação Nacional de Restaurantes adianta que há uma relação "quase direta" entre o número de casos de infeção e a diminuição da procura pelos clientes, culpando alguma desinformação das pessoas sobre as formas como podem 'apanhar' o coronavírus.
Daniel Serra detalha à TSF que, "baralhadas", as pessoas assustam-se e deixam de frequentar os espaços de restauração, mesmo que isso não faça sentido, como se prova, segundo diz, pelo facto de termos estado abertos durante meses antes deste disparar de novos casos a partir de setembro.
A Associação Nacional de Restaurantes costuma fazer um inquérito regular aos sócios e o último revela o agravar de uma crise que já era grande: antes, cerca de 55% dos restaurantes estavam em risco de fechar portas, mas, agora, essa percentagem subiu para 70%.
"Depois de meses medíocres, a partir do momento em que foi declarado o estado de calamidade, a diminuição voltou a ser drástica", afirma Daniel Serra, que admite que previam um inverno duro, mas não que essas dificuldades chegassem tão cedo.
Na última semana, 66% dos restaurantes inquiridos estavam com uma queda de faturação superior a metade do negócio que tinham antes da pandemia.
Take away volta a ganhar clientes
Outra associação do setor, a Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT), tem uma visão um pouco diferente. O presidente, António Condé Pinto, confirma que há restaurantes que, de facto, perderam clientes com esta segunda vaga da pandemia, num efeito que nunca esperaram que chegasse de forma tão rápida, mas noutros, de outros segmentos e de outras zonas, até estão a registar mais clientes.
"A resposta é diferente, pois o setor é muito heterogéneo. Sobretudo nas principais cidades, vê-se uma diminuição da procura porque o turismo de outono não chegou e porque, em resultado do agravamento da pandemia, há de novo menos pessoas a trabalhar nos centros das cidades", nomeadamente, entre outras razões, porque ficaram em teletrabalho. "Nesse segmento está de novo a sentir-se uma queda, clara, na procura", explica o representante dos empresários.
No entanto, há outro segmento, o do take away para comer em casa, que voltou a subir nas últimas semanas.
António Condé Pinto acrescenta que há hoje restaurantes onde o take away compensa as quebras nas refeições em que os clientes estão presentes, numa mudança que acredita que veio para ficar de forma duradoura.