Seguradoras "serão rápidas", mas é preciso apurar a "responsabilidade" no fogo que destruiu 200 carros
À TSF, o presidente da Associação Nacional de Agentes e Corretores de Seguros diz que "a polícia judiciária e os bombeiros têm todo o interesse em chegar a uma conclusão das causas deste grave acidente"
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O presidente da Associação Nacional de Agentes e Corretores de Seguros (Aprose), David Pereira, acredita que as seguradoras sejam rápidas nos processos dos 200 carros que arderam esta sexta-feira em Loures, mas avisa que é preciso esperar pelos relatórios das autoridades para apurar responsabilidades e que o tipo de seguro de cada condutor pode ser importante para decidir se é ou não ressarcido.
Em declarações à TSF, David Pereira prefere retirar o cenário criminal. "Foi uma casualidade, uma casualidade trágica e vou pensar nela como tal. Portanto, eu penso que toda a gente irá agilizar-se, socorrer-se dos seus meios para responder mais o rápido possível, quer sejam as autoridades, quer sejam as seguradoras, seja quem for. Daqui a um mês se calhar todos sabemos as conclusões dos relatórios, digo eu, porque sou um otimista e acredito que tudo decorre com alguma celeridade", antevê o presidente da Aprose.
Depois disso, o trabalho das seguradoras será simples e rápido: "Não há muito a pensar. A conclusão de um relatório de uma autoridade é absolutamente claro e dirigido. As seguradoras só têm de interpretar e decidir o que é que vão fazer. Pagar a quem tem que pagar, pensar duas vezes sobre aqueles que não tem essa obrigação de pagar, mas de alguma maneira possam querer contribuir para a reparação do dano. Mas são rápidas a reagir. As seguradoras ao fim de uma semana, no máximo 15 dias - depende da quantidade de processos que tenham dentro da sua casa, porque não vão pensar num processo exclusivamente, vão pensar no todo - serão rápidas a reagir."
Sendo assim, David Pereira não tem "a mínima dúvida" de que os lesados terão uma resposta no final de setembro ou no início de outubro, até porque "a polícia judiciária e os bombeiros têm todo o interesse em chegar a uma conclusão das causas deste grave acidente".
O presidente da Aprose sublinha que o tipo de seguro pode ser importante para determinar se o condutor é ressarcido da perda do automóvel, mas avisa que a causa do incêndio também é importante.
"Um seguro contra terceiros garante a responsabilidade civil do ato de conduzir um automóvel, danos a terceiros, danos aos outros, não a nós próprios. Portanto, por aqui está menos abrangido, sejamos claros (...) Há aqui vários níveis de responsabilidades. A quem pertence a responsabilidade pelo carro ter ardido? Não se sabe. É do proprietário do imóvel? É do proprietário do veículo que dizem ter dado origem ao incêndio? Mas a verdade é que estamos a especular. Temos que esperar pelo relatório final das entidades que estão a analisar este caso. Isto é importantíssimo e é a partir destes relatórios que se definem as responsabilidades e então até os clientes apenas com um seguro de responsabilidade civil podem também estar abrangidos. Agora, se olharmos só para caso a caso, naturalmente com uma cobertura de danos próprios é mais abrangente e cobre o risco de incêndio. Um seguro de responsabilidade civil, o chamado seguro contra terceiros, não abrange", explica.
A situação é complexa, avisa David Pereira, e mesmo para quem tem seguro contra todos os riscos não é garantido que terá direito a ser ressarcido, porque não se sabe "de onde é que vem a responsabilidade do incêndio". Caso a responsabilidade seja atribuída ao proprietário do imóvel, qualquer condutor que tenha perdido o carro "tem direito a ser ressarcido completamente". O mesmo pode acontecer caso a origem do incêndio tenha acontecido num veículo particular.
"Sempre no valor do objeto, sempre no valor do objeto. Se um carro com 10 anos tem um valor, um carro com um ano tem outro valor, portanto é o valor do objeto que se perdeu. O lesado terá direito a ser ressarcido. No entanto, mantenho que ninguém sabe qual foi a origem, nem a causa, neste momento. Tudo o que podemos falar ou dizer, está no foro da especulação", volta a alertar.