"Segurança de todos em causa." Pais e alunos tentam impedir abertura da escola Eugénio de Andrade no Porto
Um prego no chão que causa acidentes, chuva dentro da escola, demasiado frio para conseguir escrever nas aulas. São alguns dos desabafos que a TSF ouviu de estudantes e encarregados de educação. Apesar do protesto, o vereador da Educação da autarquia do Porto diz que a escola tem “todas as condições para abrir”
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Lígia Correia é mãe de gémeos e a presidente da associação de pais da Escola Básica Eugénio de Andrade. “Aquilo que pedimos é obras já e é aquilo que vamos exigir”, disse à TSF, enquanto segurava um cartaz azul, com os anéis olímpicos e a frase: “Desporto só na televisão, aqui chove no Pavilhão.”
Como exemplos do que precisa de mudar, a encarregada de educação fala em infiltrações, piso e deterioração de um grande espaço livre onde os alunos podem passar os intervalos. “A segurança de todos está em causa”, frisa.
Lígia Correia não é a única encarregada de educação a reclamar por uma mudança. Cristina Marques, com um cartaz com dois lutadores de sumo onde se lê “fartos do jogo do empurra”, afirma que “o problema são os acidentes que começam a acontecer.” “Há registos. Há crianças que caem no polidesportivo e há um prego que está exposto no chão que provoca um ferimento que uma obra em condições poderia prevenir. As crianças correm, brincam. Tratar destas questões que aparentemente podem ser minimizadas é urgente”, defende.
A filha, Laura Marques, passou agora para o 8.º ano. À TSF, dá exemplos das condições atuais da escola: “No pavilhão, já houve problemas com um prego no chão. Algumas árvores que estão a cair. O teto estava um bocado estragado e o chão sai muito.”
Quem também passou para o 8.º ano é Marta Correia, filha da porta-voz, Lígia Correia, e explica como estas condições afetam as aulas: “No ginásio, o chão está um bocado a cair e por isso não conseguimos fazer as aulas de educação física à vontade porque temos medo de nos magoar. No polivalente, chove no inverno. Nós não podemos estar lá e é onde almoçamos. No inverno está tanto frio que nos começa a doer as mãos, não conseguimos escrever nem prestar atenção às aulas”, diz.
A Associação de Pais da Escola Básica Eugénio de Andrade, no Porto, tentou impedir o arranque do novo ano letivo esta sexta-feira de manhã por falta de condições de segurança. Ainda assim, as autoridades abriram as portas do estabelecimento de ensino por volta das 09h00.
Em declarações à agência Lusa, o vereador da Educação da Câmara Municipal do Porto, Fernando Paulo, reconhece a necessidade de obras de reabilitação, mas considera que a escola tem “todas as condições para abrir”. Já a presidente da Associação de Pais não podia estar mais de desacordo, sublinhando que a promessa de obras já é feita há muitos anos. “São obras que já estão prometidas há muitos anos pelos diversos organismos competentes. O que é certo é que chegamos aqui e as obras não estão feitas, não existe perspetiva para que tal aconteça, e estamos todos cansados – pais, encarregados de educação, mães – de que isto esteja desta forma”. Além disso, responde às palavras de Fernando Paulo: “O senhor vereador conhece perfeitamente esta escola e este equipamento porque já cá veio várias vezes, por isso dizer que está em condições é um bocado de mais.”
Laura Marques lamenta estas condições, pois dizem que a escola tem um bom ambiente. “A escola em si é muito boa, os professores são bons, mas a estrutura é que está a desfazer-se muito”, conta a aluna, que frequenta este estabelecimento de ensino há dois anos.
Apesar de concordar com a filha, Cristina Marques deixa um esclarecimento: “Esta escola é uma escola maravilhosa, tem uma excelente estrutura humana a nível de pessoal docente e não docente. Agora, não podemos negar que ter contentores do lixo gigantes no polivalente, que é o acesso à cantina, todos os dias que chove, seja uma situação ideal.”
A Escola Básica Eugénio de Andrade, que fica em Salgueiros, no Porto, foi uma das 18 escolas que passou do Estado para a autarquia no âmbito da descentralização de competências, integrando também o leque de equipamentos que necessitam de obras de reabilitação para, por exemplo, remover o amianto.
