Os trabalhadores de segurança privada querem equipamentos de proteção contra a Covid-19. Empresas dizem que podem ter em causa a viabilidade económica e pedem intervenção do Estado.
Corpo do artigo
O sindicato do setor da vigilância exige que os profissionais de segurança privada tenham à disposição material de proteção durante a pandemia de Covid-19. Rui Tomé, responsável pelo setor da vigilância do Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas (STAD), explicou à TSF que os seguranças devem ter luvas, desinfetantes e máscaras à disposição.
"Devem ter as mesmas condições de segurança e proteção que o cliente atribui aos seus funcionários", considera o dirigente sindical.
11975171
Caso as normas não sejam cumpridas, as empresas têm 24 horas para repor a situação. "Se tal não acontecer os vigilantes devem aguardar no local de trabalho até que a empresa disponibilize estes materiais. Se tal não acontecer, os casos vão ser denunciadas à Autoridade para as Condições de Trabalho, bem como à Direção-Geral da Saúde", avisa Rui Tomé.
O sindicato já pediu uma reunião com caráter de urgência às duas associações patronais: "Para avaliarmos a situação atual e antevermos situações que possam vir a acontecer no futuro e tentar encontrar uma plataforma de acordo."
O setor tem entre 36 mil a 40 mil trabalhadores e, caso as empresas encerrem por causa da pandemia, lembra o sindicato, o salário dos seguranças privados tem de ser pago.
Rogério Alves, presidente de Associação de Empresas de Segurança, explicou na TSF que já pediu uma intervenção clara do Estado nesta matéria, porque as empresas estão a ser dispensadas nos últimos dias, por quem as contrata.
"É preciso encontrar, com os parceiros sociais e com o Governo, uma forma de evitar este efeito dominó. No que diz respeito às empresas de segurança, que têm aproximadamente 40 mil trabalhadores, é preciso alterar as regras do lay-off porque o mecanismo atual obriga a esperar dois meses para que se constate que a empresa tem uma faturação 40% inferior ao período homólogo do ano passado. É um mecanismo assassino", afirma.
"É como ver alguém que pode estar a morrer afogado e o nadador-salvador dizer que passa lá daqui a um mês e, se a situação se mantiver, no mês seguinte poderá requerer a salvação",concluiu o antigo bastonário da Ordem dos Advogados.