O secretário-geral do PS considerou hoje que o primeiro-ministro se assume como «porta-voz» de um grupo técnico que analisa a sustentabilidade das dívidas soberanas e admitiu uma revisão rápida dos tratados para que haja mutualização da dívida.
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Após uma intervenção inicial em que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, durante o debate quinzenal, expôs um conjunto de condicionalismos sobre a existência de um eventual (e a médio prazo) fundo de redenção de dívidas soberanas, o secretário-geral do PS aproveitou esse ponto para traçar uma linha de demarcação política face ao atual executivo.
«O trabalho técnico que refere [Pedro Passos Coelho] não podia ter encontrado melhor porta-voz. O primeiro-ministro fez uma síntese do que os técnicos apresentaram à Comissão Europeia, mas há uma diferença entre tecnicidade e política: Nós precisamos de política no posto de comando da União Europeia e no nosso país», referiu.
Para António José Seguro, se for necessário uma revisão do Tratado da União Europeia para possibilitar a criação de um mecanismo de mutualização da dívida, então que se faça isso com brevidade, dando como exemplo a rapidez com que foi aprovado o tratado fiscal da União Europeia, ou a rapidez como se procedeu a uma revisão dos estatutos do Banco Central Europeu.
«Entendo, por isso, que a mudança deve começar já pela existência no Parlamento Europeu de uma maioria progressista - uma maioria que coloque a criação de postos de trabalho no centro das suas políticas. O que tem acontecido é o contrário, porque a União Europeia exige responsabilidades excessivas e pesados sacrifícios, desde logo sobre os portugueses, sem ter a contrapartida da solidariedade, havendo um benefício claro de países que se servem da desgraça dos outros», apontou, numa alusão a alguns Estados-membros da Europa do norte.
Pedro Passos Coelho usou um tom duro de resposta, recorrendo ao tipo de decisão política em «contra ciclo» tomada pelos últimos governos do PS.
«Quando, pelos lados do PS, a vontade política não casa com a realidade, o que se faz é apoucar o trabalho técnico. Decisões dessas constam muito caro aos países e custaram muito caro a Portugal. A decisão política tem de estar acompanhada da boa informação técnica», contrapôs o primeiro-ministro, recebendo palmas das bancadas do PSD e CDS.
Neste ponto, o primeiro-ministro fez críticas cerradas à atuação do PS em matérias de dívida e de objetivos para o controlo do défice.
«É tempo de acabar com o jogo de sombras. Se o senhor deputado [António José Seguro] disser que está na disposição de cumprir o Tratado Orçamental da União Europeia e de defender a sustentabilidade da dívida portuguesa, exibindo-se maiores poupanças orçamentais, se conseguir esclarecer perante o país essas matérias, então, pela primeira vez, saberíamos que não há jogo escondido do PS em relação aos portugueses», sustentou Pedro Passos Coelho.