Seguro acusa primeiro-ministro de teimosia, Passos diz que PS quer nacionalismo económico
O secretário-geral do PS acusou hoje o primeiro-ministro de teimosia e de fugir a explicar resultados das suas políticas, enquanto Passos Coelho considerou que os socialistas pretendem regressar ao nacionalismo económico dos tempos do escudo.
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António José Seguro e Pedro Passos Coelho confrontaram estas posições no debate quinzenal, na Assembleia da República.
O secretário-geral do PS defendeu que se impõe uma explicação do primeiro-ministro sobre os motivos que justificam um défice de seis por cento no final deste ano face a uma previsão do executivo de 4,6 por cento; mas também uma explicação também sobre o porquê da dívida pública nos 120 por cento, quando o Governo previa apenas 113 por cento.
«Falhou todos os seus objetivos e o desemprego já ultrapassa os 16 por cento», apontou Seguro, antes de caracterizar Pedro Passos Coelho como um político «teimoso» e «cada vez mais distante da realidade» do país.
Na resposta, Pedro Passos Coelho admitiu que há coerência nas posições defendidas pelo PS sobre a Europa e sobre política interna.
«O PS gostaria que a Europa com a moeda única funcionasse como funcionava o velho nacionalismo económico com o escudo em Portugal. Como tal, o PS defende que o Banco Central Europeu (BCE) deveria ser menos independente, que pagasse a fatura despesista dos governos, que pudesse emprestar aos governos à mesma taxa que empresta aos bancos e que pudesse pôr as rotativas a funcionar. Ou seja, que o BCE pagasse com a inflação a crise que é criada pelos próprios governos», criticou.
Pedro Passos Coelho disse ainda que essa receita intervencionista socialista conduziu a que o Governo de José Sócrates seguisse uma política de estímulo orçamental em 2009, decretando aumentos reais para a função pública na ordem dos cinco por cento e aprovando um novo conjunto de parcerias público-privadas (PPP).
«Dois anos depois Portugal estava a ser obrigado a pedir ajuda externa», referiu o primeiro-ministro.
O secretário-geral do PS usou palavras duras no contra-ataque: «O senhor é um primeiro-ministro teimoso porque não consegue olhar para a realidade do país».
"O senhor primeiro-ministro consegue vir aqui [ao Parlamento] vangloriar-se com comparações com governos anteriores? O senhor é capaz de dizer isso quando está diretamente associado ao maior aumento do desemprego no nosso país? O senhor é mesmo capaz de dizer isso?", questionou Seguro, usando um tom de indignação.
«O senhor primeiro-ministro exigiu pesados sacrifícios aos portugueses, não acertou uma única previsão e tem quase 900 mil portugueses desempregados, dos quais mais de 200 mil desde que tomou posse nessas funções. O senhor primeiro-ministro é incapaz de assumir as suas responsabilidades», acrescentou o secretário-geral do PS.