
António José Seguro
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O líder do PS defendeu a emissão de moeda pelo Banco Central Europeu (BCE), «indispensável» para recuperar a economia, e acusou o primeiro-ministro de «dependência» em relação a Merkel.
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«Eu defendo a emissão de moeda pelo BCE como política indispensável para a recuperação económica, porque um pouco de inflação é um preço razoável para sairmos da crise a nível europeu», escreveu António José Seguro na sua página na rede social Facebook.
O secretário-geral do PS disse que defende também a emissão de "eurobonds" (títulos da dívida pública conjuntos dos países da moeda única) «para financiamento de investimento público e, projectos auto-sustentáveis e para diminuição dos juros» da dívida soberana.
Estas duas medidas, acrescenta, «ajudariam muito» a «aliviar os sacrifícios» exigidos aos portugueses e às empresas.
O líder socialista afirmou que, neste caso, pensa de maneira diferente do primeiro-ministro, que no sábado afirmou que a discussão em torno do papel do BCE «não traz uma solução para o problema imediato» com que a Europa se confronta e frisou que a emissão de mais euros «seria um péssimo sinal».
Questionado sobre a diferença de posições entre o Presidente da República e o Governo sobre o que deve ser o papel do BCE na resolução da crise europeia, Passos Coelho afirmou que «se o BCE tivesse por função resolver o problema dos países indisciplinados, imprimindo mais euros, pura e simplesmente esse seria um péssimo sinal».
No seu entender, tal actuação faria passar a mensagem de que não seria necessário rigor nem disciplina orçamental, porque o BCE imprimiria mais moeda.
Para António José Seguro, o argumento de Passos Coelho é «descabido» porque «pode haver disciplina e emissão de moeda».
O secretário-geral do PS acrescentou que o chefe do Governo está «cada vez mais alinhado com a senhora [Angela] Merkel e isolado no país», considerando que Passos Coelho «continua na sua e não escuta outras opiniões» além da da chanceler Alemã.
«Os problemas de Portugal não são os da Alemanha e por isso não se entende que o primeiro-ministro não defenda as propostas que melhor servem Portugal», opinou.
Já na sexta-feira, no Parlamento, durante o debate do Orçamento do Estado para 2012, Seguro tinha considerado urgente que o BCE altere as exigências à banca nacional de rácio de empréstimos e de capital, dizendo que só por essa via haverá crédito para as empresas.
O Presidente da República, por seu turno, tem afirmado, desde finais de Setembro, que o BCE deveria assumir outro papel na resolução da crise financeira europeia, considerando que é aí que está a solução para esta fase.
Para Cavaco Silva, o BCE deveria ter «disponibilidade para uma intervenção ilimitada no mercado secundário da dívida pública daqueles países, que sendo solventes, enfrentam problemas de liquidez», tendo como contrapartida a implementação de políticas de disciplina orçamental e políticas estruturais para aumentar a competitividade.