O secretário-geral do PS afirmou que o desafio lançado pelo primeiro-ministro para um «acordo» com o PS quanto aos limites da despesa pública demonstra que Passos Coelho está «perdido e desnorteado».
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António José Seguro falava aos jornalistas no Funchal à margem do XVI congresso Regional do PS/Madeira, que confirma a liderança de Vítor Freitas na estrutura regional do partido e no qual o líder nacional marcará presença no domingo, no encerramento.
«É difícil perceber o primeiro-ministro, porque no mês passado disse que não precisava do PS e ontem [sexta-feira] veio dizer precisamente o contrário. Isso significa que o primeiro-ministro está perdido, desnorteado», começou por afirmar António José Seguro, acrescentando depois que, «se for necessário», o primeiro-ministro voltará a criticar o PS amanhã para dizer a seguir que precisa muito do partido.
Questionado sobre se aceitava o desafio de Pedro Passos Coelho, o responsável declarou: «É obvio que não».
O primeiro-ministro referiu na sexta-feira, em Aveiro, na apresentação da sua recandidatura à liderança do PSD, estar convencido de que é possível, até abril, um acordo com o PS quanto aos limites da despesa pública, o que dará tranquilidade aos mercados para obter juros baixos após a saída da 'troika', uma proposta que reforçou hoje em Bragança.
«Se houver coerência do PS, e o seu secretário-geral tem dito que está disponível para fixar limites de despesa, de modo a mostrar que é possível conter a despesa pública e manter as nossas finanças públicas em ordem, estou convencido de que talvez consigamos até abril entendermo-nos, quanto ao que deve ser o caminho a seguir nos próximos anos», afirmou Pedro Passos Coelho.
Na opinião de António José Seguro, que disse não compreender esta declaração, o país «precisa é de um governo com um primeiro-ministro que saiba o que quer para o país». As propostas socialistas nesta matéria, realçou, «são conhecidas e o primeiro-ministro em julho teve uma oportunidade de as aceitar e recusou-as».
«O que ele quer é o PS para ser cúmplice dos cortes nas pensões, dos cortes nos funcionários públicos, e isso não terá nunca - a cumplicidade e cooperação do PS», insistiu.
O socialista afirmou que a declaração de Pedro Passos Coelho é «a prova de que não há reformas», mas cortes, porque «se houvesse reformas ele não estaria preocupado com a trajetória da despesa pública no país».
António José Seguro mencionou que o «PS é um partido responsável» e recordou que quando o Governo apresentou no parlamento as alterações ao Imposto sobre o Rendimento Coletivo «foi possível chegar a um entendimento».
O responsável concluiu que esta «não é bem uma proposta» de Pedro Passos Coelho, mas um reconhecimento, por parte do primeiro-ministro, do «seu falhanço».