O líder do PS diz que, de acordo com as posições assumidas pelo Executivo, Portugal não precisa de um segundo resgate, mas avisou que se isso acontecer será um falhanço do Governo.
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António José Seguro falava aos jornalistas, esta terça-feira, em conferência de imprensa, na sequência da última cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia.
Confrontado com o cenário de Portugal necessitar a prazo de um segundo programa de assistência financeira internacional, o líder socialista referiu que «há vários meses» que tem dito que se o país precisar «de um segundo resgate, tal representará um falhanço da política do Governo».
«Disse há meses atrás, designadamente por ocasião das discussões do Orçamento do Estado, e volto a dizer hoje», declarou o secretário-geral do PS.
Questionado se o PS considera inevitável que Portugal recorra em breve a um segundo programa de assistência financeira, António José Seguro respondeu: «Segundo os dados que tenho disponíveis, não considero essa hipótese».
«Aliás, o Governo dispõe de um Orçamento, o Orçamento que quis elaborar, que levou à Assembleia da República e é responsável pela sua execução. Aquilo que tenho assistido da parte do Governo, em particular do primeiro-ministro [Pedro Passos Coelho], é satisfação pelas políticas que está a executar», declarou.
Desta forma, de acordo com António José Seguro, face às posições que têm sido assumidas pelo chefe do Governo, «não se encontram nenhuns elementos que permitam tirar uma conclusão contrária em relação a essa matéria [ajuda externa]».
Quanto à cimeira, Seguro disse que a União Europeia «continua a acentuar a lógica da receita pela via da austeridade e das sanções», mas nesta cimeira abriu a porta à necessidade de «colocar o emprego e o crescimento económico como uma das prioridades».
Esta ideia «ainda só está no papel», sendo «necessário passar à prática», vincou, lembrando que o PS vem defendendo «há mais seis meses», a aposta no crescimento económico e no emprego, quer em Portugal, quer na UE.
Com efeito, para o secretário-geral do maior partido da oposição, estas boas medidas acabam por chegar tarde, vendo-se por exemplo os números do desemprego divulgado esta terça-feira pelo Eurostat.
De acordo com o gabinete de estatísticas da UE, o desemprego em Portugal subiu para 13,6 por cento em Dezembro. No conjunto da UE e na Zona Euro os valores registados em Dezembro estabilizaram quando comparados com Novembro: 9,9 por cento nos 27 e 10,4 entre os países que partilham a moeda única.
António José Seguro lamentou que em cada mês o desemprego atinja um «pico histórico» em Portugal.
«O que falta ao primeiro-ministro para verificar que tem de mudar de política?», questionou, frisando que é necessária «lucidez» a Passos Coelho «em nome dos jovens portugueses».
«Isto não vai lá empobrecendo, mas, pelo contrário, gerando riqueza», rematou.