Licitações começam esta quarta-feira e estendem-se até à próxima segunda-feira, 11 de setembro, tanto presencialmente como online.
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A Sotheby's vai leiloar alguns dos itens de Freddie Mercury, vocalista e cara da banda britânica Queen. A coleção "Freddie Mercury: A World of his Own", do cantor que faleceu em 1991 após complicações associadas à SIDA e é também conhecido pelas suas roupas exuberantes, génio musical e voz única, será vendida em seis leilões: três presenciais e três online, de 6 a 11 de setembro.
Os seis objetos mais icónicos da coleção
O piano de Mercury, da marca Yamaha - um G2 Baby Grand Piano -, foi o instrumento eleito pela banda para compor muitos dos seus êxitos, incluindo "Bohemian Rhapsody". Mercury, na altura com 31 anos, realizou uma busca intensa para conseguir encontrar um piano de boa qualidade, mas também pequeno o suficiente para caber na sala de estar na casa que partilhava com a sua grande amiga Mary Austin.
Foi Austin, que chegou a ser noiva de Mercury e a quem o cantor deixou toda esta coleção, quem decidiu leiloar esta e todas as outras peças. "Ele pensava nele (o piano) como mais do que um instrumento, era uma extensão dele mesmo, era o seu veículo de criatividade", disse Austin à agência France-Presse (AFP).
No ano da sua compra, 1975, este piano valeria entre mil e 11 mil libras (perto de 13 mil euros). Agora está avaliado pela Sotheby's num valor de dois a três milhões de libras (2,4 a 3,5 milhões de euros).
Num conjunto de 15 páginas escritas a tinta preta, azul e lápis de carvão, em papel da British Midland Airways - que já não existe - está escrita a letra de "Bohemian Rhapsody". Este sucesso musical, que é o terceiro single mais vendido de sempre do Reino Unido, originalmente intitulava-se de "Mongolian Rhapsody". Oito destas páginas foram dedicadas a letras e as outras sete às harmonias, prevendo-se que o conjunto possa angariar até 1,2 milhões de libras (1,4 milhões de euros).
As emblemáticas coroa e capa foram usadas durante a última digressão da banda, "Magic", em 1986, na qual o grupo esgotou palcos por toda a Europa. A réplica da coroa real britânica e a capa de pelo falso, veludo vermelho e brilhantes foram ambas feitas por Diana Moseley, figurinista amiga de Mercury.
A coroa de ouro falso, repleta de joias e com uma almofada de veludo vermelho, é parecida com a coroa de St Edward, utilizada na coroação dos monarcas britânicos, incluindo na de Carloss III, em setembro do ano passado. A capa, com 327 centímetros de comprimento e uma corrente em tom dourado na área do pescoço, foi inspirada pela coroação de outro governante europeu: Napoleão.
Foi também com esta coroa e capa que Mercury pisou os palcos pela última vez, a 9 de agosto de 1986 em Knebworthy, Inglaterra, no último concerto da digressão. Estima-se que o conjunto valha entre 60 mil e 80 mil libras (70 mil a 81 mil euros).
Há também uma coleção de poemas, datados desde 1964, o ano em que a família parse-indiana de Freddie fugiu de Zanzibar para Londres devido à revolução. Nestas inúmeras páginas leem-se pequenas anotações, comentários e até um poema intitulado de "Bird (Feather flutter in the sky)" e assinado como Fred Bulsara (Mercury tinha como nome à nascença Farrokh Bulsara). O leilão destes artigos decorre online e encerra na próxima terça-feira: o valor inicialmente expectável era de 1200 libras, mas já tem uma oferta de 7500 libras (cerca de 8700 euros).
A Jukebox de Mercury, da marca Wurlitzer, multicolorida, iluminada e com pagamento à base de moedas também será leiloada. Agora já sem funcionalidade, mas com o aspeto intacto, vai ser vendida como item decorativo por entre 15 mil a 25 mil libras (17,4 mil a 29 mil euros).
Há ainda artigos mais peculiares, mas igualmente icónicos a serem leiloados. Tal é o caso do pequeno pente de prata da marca Tiffany & Co. que Freddie Mercury usava para pentear o seu famoso bigode. Este pequeno acessório está avaliado em quatro mil a seis mil libras (cinco mil a sete mil euros).
Roupa, quadros e até um portão
Outros itens em breve leiloados incluem conjuntos de roupa usadas em concertos, peças de arte, rascunhos de letras de músicas e peças de joalharia.
Pinturas de Dali, Picasso e Chagall integram a extensa lista de obras que decoraram a casa do cantor no oeste de Londres, intitulada de Garden Lodge. Também leiloada será a última peça que comprou um mês antes do seu falecimento, uma pintura a óleo de James Jacques Joseph Tissot.
É justamente na casa do cantor - cuja fachada está decorada com um bigode gigante - que serão leiloados 1469 dos lotes, incluindo o portão verde da residência que está coberto de grafitti feitos por fãs.
A Sotheby's afirma que esta é a maior coleção de um ícone cultural a ser leiloada desde a de Elton John em 1988, quando dois mil lotes foram vendidos por um total de 4,8 milhões de libras.
A Mercury Phoenix Trust e a Elton John AIDS Foundation, duas instituições com foco na luta contra a SIDA, vão receber parte dos lucros destes leilões.