Seis mil comboios suprimidos em um mês. Maquinistas da CP admitem novas greves em maio
O presidente do Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses adianta que haverá novas greves no horizonte, caso não haja avanços nas negociações.
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O Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses admite novas greves já em maio. A dois dias do fim de uma greve de um mês, o presidente do sindicato, António Domingues, lamenta que, mesmo com uma forte adesão dos trabalhadores, o protesto não tenha tido efeitos práticos na melhoria das condições salariais dos maquinistas.
"Desde 1 de abril até ao dia de hoje foram suprimidos muitos comboios, apontamos para números a rondar os seis mil comboios até este momento. Desse ponto de vista é positivo, porque a adesão é total e isso é demonstrativo do descontentamento dos trabalhadores face às dificuldades que existem e a resistência da tutela e da empresa em reporem aquilo que nós reivindicamos e que achamos que é justo. Aquilo que solicitamos é a reposição do poder de compra. Por outro lado, posso dizer que é negativo, porque, até ao momento, não houve um desenvolvimento que vá ao encontro das nossas expectativas e que possibilite terminar o conflito", explica, em declarações à TSF.
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António Domingues adianta que estão previstas novas negociações para os próximos dias e admite que, se não houver desenvolvimentos, os trabalhadores poderão avançar para novas greves. O presidente do sindicato dos maquinistas deixa o aviso: o conflito pode escalar.
"Temos a expectativa de nos reunirmos novamente com a tutela nos próximos dias e que a situação seja resolvida. Se não for, faremos greve até onde for possível. Já temos pré-avisos de greve alinhavados, se não houver desenvolvimentos as greves irão continuar já em maio", adianta, sublinhando que os moldes dessas futuras greves terão de ser "analisados internamente". "O que é certo é que o conflito pode escalar", garante.
Até domingo, na CP, os trabalhadores cujo seu período normal de trabalho abranja mais de três horas durante o período compreendido entre as 00h00 e as 05h00, entrarão em greve a partir da sétima hora de serviço.
Na Infraestruturas de Portugal (IP) e também até domingo, os trabalhadores cujo seu período normal de trabalho abranja mais de três horas durante o período compreendido entre as 00h00 e as 05h00, entrarão em greve a partir da sétima hora de serviço.
Estas greves foram decretadas por uma plataforma de sindicatos composta pela ASCEF - Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária; o SINFB - Sindicato Nacional dos Ferroviários Braçais e Afins; o SINFA - Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins; o FENTECOP - Sindicato Nacional dos Transportes Comunicações e Obras Publicas; o SIOFA - Sindicato Independente dos Operários Ferroviários e afins; a ASSIFECO - Associação Sindical Independente dos Ferroviários de Carreira Comercial e os STF - Serviços Técnicos Ferroviários.
Também o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) está em greve durante todo este mês, face à "atitude de desconsideração" de que acusa a empresa.
Entre as reivindicações dos trabalhadores estão "aumentos salariais efetivos", a "valorização da carreira da tração" e a melhoria das condições de trabalho nas cabines de condução e instalações sociais e das condições de segurança nas linhas e parques de resguardo do material motor.
Os trabalhadores pedem igualmente uma "humanização das escalas de serviço, horas de refeição enquadradas e redução dos repousos fora da sede", um "efetivo protocolo de acompanhamento psicológico aos maquinistas em caso de colhida de pessoas na via e acidentes" e o "reconhecimento e valorização das exigências profissionais e de formação dos maquinistas pelo novo quadro legislativo".