Selma Uamusse: "Um tempo de resiliência, resistência, perda, mas também de esperança"
Um ano positivo a nível profissional e com sentimentos contraditórios a nível pessoal. A cantora Selma Uamusse conta à TSF como viveu o ano de 2020.
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Para a cantora Selma Uamusse, 2020 começou, como para toda a gente, "com imensa expectativa". "Eu tinha feito uma pausa na minha tournée para dar espaço a um novo álbum, que deveria ter saído em março e que, por causa da pandemia, foi alterada a data". Selma afirma que "foi um ano com muitas emoções", mas que isso "é transversal a toda a gente". "Acho que, naquilo que posso destacar, foi um ano que, a nível profissional, foi relativamente bem-sucedido, porque consegui lançar o álbum em junho, numa altura em que estávamos todos um bocadinho mais folgados".
Voltar aos palcos teve, por conseguinte, um sabor especial: "Tive oportunidade de fazer alguns concertos ao vivo, embora não tantos quantos desejaria, mas fui afortunada com o facto de poder fazer concertos e de fazer chegar a minha música mais além, o que foi também um passo em frente para aquilo que é o meu percurso a nível internacional, no sentido de chegar a mais público e a mais países. Não posso deixar de estar muito grata por aquilo que aconteceu".
Um ano profissional que, admite, teve, no entanto, naturais limitações: "O último concerto que fiz foi no Teatro Circo de Braga, a 7 de novembro, antes de voltarmos a ter restrições a nível de funcionamento da área da cultura".
A nível mais pessoal, foi um tempo de "estar mais com a família, de afirmar aquilo que eram os relacionamentos familiares". "Foi um ano de perda do meu pai, mas também foi um ano de ganho, porque estou à espera de um bebé."
"O resumo de 2020 terá um tempo de resiliência, de resistência, de perda, mas também de esperança. Eu acho que isto nos prepara para um mundo que não vai voltar a ser estável, mas ao qual nós temos sempre que nos adaptar pelas circunstâncias, sejam elas ecológicas, económicas, culturais ou do foro que for", sintetiza a autora de Mati e Liwonigo.
Em relação à figura do ano 2020, Selma Uamusse fez questão de destacar uma pessoa que lhe é próxima: "Gostava de fazer um grande destaque ao Pedro Matos, é um engenheiro do território, que faz parte da equipa do World Food Program (Program Alimentar Mundial), que este ano ganhou o Prémio Nobel da Paz. Para além de amigo, é uma pessoa por quem tenho muita estima, e o ano passado foi um dos responsáveis pela distribuição de alimentos em Moçambique durante o período das cheias, e que tem feito um trabalho notável: no Iémen, Darfur" (Mali, Quénia, Bangladesh), "em muitos sítios que estão frequentemente em situações de guerra. E, sendo a fome a maior pandemia que nós vivemos nas últimas décadas, para mim é um enorme orgulho termos um português que faz parte da equipa responsável pelo recebimento deste Prémio Nobel", afirma a cantora nascida em Moçambique e que em 2021 completa 40 anos.