Sem-abrigo, uma luta que não acabou. Próximo passo é facilitar "cartão de cidadão"
A Comunidade Vida e Paz está "otimista" em relação aos passos que têm vindo a ser dados em relação às pessoas em situação de sem-abrigo, mas diz que há mais a fazer, como a criação de um procedimento que dê acesso ao documento único.
Corpo do artigo
A Comunidade Vida e Paz considera que a medida adotada pelo Governo de estender o atendimento a pessoas em situação de sem-abrigo a todos os centros de Segurança Social vem restaurar as esperanças para que novos passos sejam dados na dignificação da vida destas pessoas.
11584603
Henrique Joaquim, representante da associação, admite, em declarações à TSF, que esta decisão o deixa "muito otimista", e refere que o trabalho social era dificultado pelo acesso vedado a certos centros de acordo com a morada. "Era uma dificuldade que com alguma frequência tínhamos e que deriva da forma como está organizado o sistema da Segurança Social."
TSF\audio\2019\12\noticias\05\henrique_joaquim_1_decisao_traz_esper
No entanto, a Comunidade Vida e Paz não dá a luta por concluída: "Quando as pessoas estão nesta condição, precisam de outro tipo de encaminhamento e de atendimento, e é isso que reivindicamos."
"Aquilo que queremos - e isto já foi reportado ao Governo - é que uma pessoa em situação de sem-abrigo não fique limitada no acesso à sua cidadania por não ter uma morada", adianta Henrique Joaquim. "Temos de criar um procedimento que permita à pessoa ter uma morada postal que nos ajude a trazer a pessoa para os registos, para os serviços e para imprimir um cartão de cidadão", prossegue o representante da Comunidade Vida e Paz.
TSF\audio\2019\12\noticias\05\henrique_joaquim_2_morada_postal
Henrique Joaquim constata que, se o cartão de cidadão "dá acesso a tudo", a falta deste documento "barra o acesso a tudo: à saúde, à Segurança Social..." Esta medida que têm "vindo a reivindicar" pode estar perto da resolução. "Acreditamos que em breve poderemos ter boas notícias, se possível, antes do natal", assinala, sem esquecer que medidas "concretas" como a de atribuir a possibilidade de inscrição no centro de emprego e a de abrir o atendimento da Segurança Social em qualquer ponto do país foram recentemente tomadas.
Para combater os números das pessoas a viver na rua, Henrique Joaquim defende a criação de uma plataforma que possibilite saber quem são "não só do ponto de vista estatístico, como do ponto de vista qualitativo" para conhecer o próprio "trajeto da pessoa".
TSF\audio\2019\12\noticias\05\henrique_joaquim_3_plataforma
"Hoje em Portugal ninguém sabe com rigor quantas pessoas e quem está nesta situação", aponta o representante desta associação de trabalho social. Não ter essa informação, argumenta, "é crítico para ajustar a intervenção".
Além de "agir no imediato e a acudir em situações de emergência", é preciso, de acordo com Henrique Joaquim, "conhecer bem para poder ir mais longe, para estar mais perto das situações".