Sem comida nem respostas, camionistas dizem-se "ignorados" pela embaixada portuguesa
Polícia aconselhou os motoristas parados junto ao Canal da Mancha a pedir ajuda às respetivas embaixadas. A portuguesa está a falhar.
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Há vários dias retidos em em filas sem fim à vista entre a fronteira do Reino Unido e França, os camionistas desesperam. Desde quarta-feira à noite, os camiões não avançaram mais de 200 metros.
Entre motoristas de vários países e as autoridades, reina a confusão. O camionista Rogério Nunes, parado na estrada em Donver, Inglaterra, conta à TSF que já realizou o teste à Covid-19, mas agora não sabe o que fazer com ele. "Fiz o teste e fiquei aqui com isto na mão e ninguém disse mais nada", lamenta.
O teste rápido foi-lhe entregue pelo exército britânico, conta, mas ninguém lhe explicou sequer o que fazer: "Para saber como isto funciona tive de ir ao Google pesquisar."
Rogério Nunes fez o teste, deu negativo, e agora só sabe que quando finalmente chegar a França tem de comprovar que não está infetado. Não sabe se basta apresentar o teste ou se é preciso algum documento escrito ou validado pelas autoridades.
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Sem respostas, com muito poucas horas de sono e com a comida a começar a escassear, os camionistas contavam com mais apoio, mas as empresas que representam não podem furar a barreira policial para enviar ajuda e a embaixada portuguesa não aparece.
"Estamos parados numa faixa de rodagem, numa autoestrada, no meio do nada. Para poder comer ou beber água tenho de ir a um supermercado buscar", lembra Rogério Nunes.
A polícia aconselhou os milhares de camionistas a pedir ajuda às respetivas embaixadas, mas de nada serviu, denuncia o camionista.
"A embaixada da República Checa mandou uma carrinha para os motoristas da República Checa. Em Portugal ignoraram apenas o que eu disse. Mandaram um email a dizer que estão a acompanhar tudo desde o inicio. Mentira! Há colegas meus que não têm que comer".
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O motorista tentou telefonar para a embaixada em Londres e Lisboa, sem resposta. Com os colegas, partilhou barrinhas de cereais e maçãs com os colegas. A comida ainda chega para hoje, diz.
Rogério Nunes devia ter regressado a casa, em Portugal, na terça-feira. O mais provável é que passe o Natal no camião.
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