Sem contributo da Liga dos Bombeiros, relatório da Proteção Civil sobre incêndios será "documento parcelar"
António Nunes confessa, na TSF, ter a esperança de que a ministra da Administração Interna seja clara relativamente à possibilidade de dar autonomia à estrutura de comando dos bombeiros
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O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses lamentou esta terça-feira ainda não ter sido ouvido pela Proteção Civil, que está a ser preparar um relatório sobre a atuação nos incêndios deste ano. À TSF, António Nunes assegurou que, sem o contributo da associação, este será um "documento parcelar".
"São meros relatórios, até porque a Liga dos Bombeiros Portugueses não foi ouvida, nem contribuiu para a elaboração de qualquer tipo de relatório sobre os fogos florestais de 2024. O relatório há de ser sempre um documento parcial de uma entidade que tem a sua visão, o seu ponto de vista e que dará aquilo que é o seu entendimento", defendeu.
António Nunes destacou igualmente que este relatório não será apenas baseado "em números e factos, isto é, em número de saídas, em hectares ardidos e meios envolvidos", pelo que, qualquer conclusão possível, será sempre uma "visão parcelar" que a Autoridade de Emergência e Proteção Civil teve "sobre o setor".
A ministra da Administração Interna vai ser ouvida, esta terça-feira, numa audição parlamentar. Antonio Nunes espera que Margarida Blasco seja clara relativamente à possibilidade de dar autonomia à estrutura de comando dos bombeiros, já que ficou provado que, tal como estão, o combate aos incêndios não decorre da melhor forma.
A propósito desta audição, o líder da Liga dos Bombeiros Portugueses adiantou ter a expectativa de que sejam "criadas as condições para que os bombeiros possam ter a sua própria estrutura de comando operacional", argumentando que esta medida iria melhorar, de forma substancial, aquilo que são "as ações no terreno de distribuição e coordenação de meios e comando, para que os incêndios florestais sejam debelados num menor curto espaço de tempo e os apoios às populações sejam efetuados de forma bastante coordenada".
"A expectativa que temos sempre nestes eventos e audiências é que se consiga esclarecer, de uma vez por todas, o papel fundamental que os bombeiros têm no combate aos incêndios florestais, em Portugal, e, em particular, as medidas que precisam de ser tomadas, de preferência, com calendário sobre a renovação do parque das viaturas que estão adstritas a essa tipologia do fogo", apontou.
A ministra da Administração Interna recusou, a 9 de outubro, responder aos deputados sobre os incêndios florestais que atingiram o país em setembro, alegando que esse não era o motivo da audição parlamentar pedida pelo PS e PCP.
Margarida Blasco remeteu esclarecimentos para esta terça-feira, dia em que vai estar novamente na Assembleia da República para uma audição regimental. A governante disse ainda que, por esta altura, já terá o relatório final da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil sobre “o que correu bem ou mal” nos fogos de 2024.