PS leva mais de 10 pontos de avanço em relação ao PSD, nas últimas sondagens para as eleições legislativas de outubro. E mesmo que o PS perca, grande parte dos eleitores quer os socialistas numa coligação com o PSD.
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A última sondagem para as eleições legislativas disputadas a 6 de outubro atribui a vitória ao PS com 39% dos votos, mais 11 pontos percentuais do que o PSD, que recebe 28% das intenções de voto.
De acordo com a sondagem realizada pela Universidade Católica para o Público e a RTP (para a qual foram inquiridos 1882 eleitores, apresentando uma margem de erro de 2,3%, com um nível de confiança de 95%), o Bloco de Esquerda surge em terceiro lugar (com 9% dos votos), a CDU (PCP-PEV) aparece como a quarta força mais votada (com 8%) e o CDS-PP fica na quinta posição (com 8% dos votos).
Seguem-se o PAN (com 3% dos votos), e o Aliança (com 1%). Os restantes partidos, assim como os votos em branco e nulos, somam, ao todo, 5%.
A sondagem regista ainda uma abstenção na ordem dos 44,1%.
Comparativamente com as restantes sondagens reveladas desde o início do ano, é notória uma tendência de subida do PS - em março, a sondagem da Aximage para o Correio da Manhã e Jornal de Negócios atribuía apenas 34,6% dos votos ao PS e 27,3% ao PSD (uma diferença de apenas 7,3 pontos percentuais). Agora, a sondagem feita pela Católica dá uma diferença de 11 pontos percentuais entre os dois partidos mais votados.
Em relação às últimas legislativas, todos descem menos o PS e o PAN
Comparando os dados desta última sondagem com os resultados das últimas eleições legislativas, em 2015, a maioria dos partidos desce nos resultados.
Se somarmos as intenções de voto de PSD e CDS (que, em 2015, concorrem juntos, através da coligação PàF, obtendo 36,8%), verificamos agora que são a escolha de apenas 35% dos eleitores - mas note-se que não se antevê uma nova coligação entre os dois partidos nestas legislativas.
O Bloco de Esquerda (que, em 2015, teve 10,2%) desce 1,2 pontos percentuais e a CDU (que teve 8,3%) desce 0,3 pontos percentuais.
No sentido inverso, com uma subida das intenções de voto, está o PAN, que ganha mais 1,6 pontos percentuais (comparativamente com os 1,4% obtidos em 2015).
Mas o grande campeão da subidas é, sem dúvida, o PS, que cresce 6,6 pontos percentuais.
Portugueses querem PS no Governo, mesmo se perder eleições
Os inquiridos foram questionados sobre a formação de eventuais coligações entre partidos perante dois cenários possíveis: se for o PS a vencer as legislativas ou se for o PSD.
No caso de uma vitória socialista, 27% dos eleitores são a favor de uma nova geringonça - um Governo PS aliado a um/dois partidos à esquerda.
Há ainda 16% que consideram que o PS deveria, antes, optar por juntar-se a um/dois partidos à direita e outros 16% que acreditam que seria melhor se os socialistas governassem sozinho.
Há, por último, 13% que, mesmo em caso de vitória socialista, consideram que seria melhor um Governo sem o PS. Os restantes inquiridos não sabem/não respondem.
Mas a grande surpresa acontece se for o PSD a ganhar. É que 21% dos eleitores defende que o PSD deve aliar-se à esquerda, no caso de vencer. E, logo a seguir, vêm os eleitores (19%) que consideram que, mesmo em caso de vitória do PSD, este não deve fazer parte do próximo Governo.
Só depois surgem aqueles que defendem um Governo exclusivamente de direita: 17% querem o PSD numa coligação com partidos à direita e 14% preferem um Governo constituído só pelo PSD. Os restantes não sabem/não respondem.
CDU "invisível" para os jovens, e BE para os idosos
Em relação ao escalão etário, são os mais jovens (18-24 anos) quem mais decide abster-se (13%). Já a faixa etária dos 35-44 anos aquela onde há menos abstenção, com 65% dos inquiridos a garantir que irão até às urnas.
As opções de voto são bastante condicionadas pela faixa etária dos eleitores.
O PS é o partidos no qual o eleitorado mais velho confia mais: 36% dos eleitores com mais de 65 anos votam nos socialistas. Mas é a CDU quem mais se mostra dependente dos eleitores mais velhos, sendo estas faixas etárias aquelas de onde recebe a maioria dos votos: 6% tanto nos eleitores com 55-64 anos como nos eleitores com mais de 65 anos. Já na faixa dos 18-24 anos a percentagem de votantes da CDU não chega a 1%.
Pelo contrário, o Bloco de Esquerda encontra os seus maiores apoiantes no eleitorado jovem. Obtém 11% dos votos entre os eleitores com 18-24 anos e 10% nos eleitores com 25-34 anos, contrapondo com apenas 2% nos eleitores com mais de 65 anos.
O PSD não apresenta grandes variações entre as diferentes faixas etárias, mas acaba por revelar-se a força mais votada pelos jovens dos 18-24 anos (19%). Também o PAN não revela grandes desvios, recebendo, apesar de tudo, o maior número de votos dos eleitores com 25-34 anos.
O CDS-PP parece mesmo ser o partido com menos variações entre todas as faixas etárias, ainda assim, é preterido pelos jovens dos 18-24 anos (de quem recebe apenas 1% dos votos).
Homens cheios de certezas, mulheres mais indecisas
A sondagem prevê uma abstenção de 44,1%, com 11% dos inquiridos sexos masculino a garantir que não irão votar (contra 9% do sexo masculino. Os homens são, no entanto, também aqueles com mais certezas de que irão, de facto, apresentar-se nas urnas - 62% asseguram que irão votar, contra 55% das mulheres.
As mulheres revelam-se mais indecisas, sendo que 11% (contra 7% dos homens) não sabe ainda se irá votar.
Quanto àqueles que já sabem que vão às urnas e em quem vão depositar o seu voto, há uma preponderância da votação do sexo masculino em todos os partidos - com duas exceções. No Bloco de Esquerda, os votos estão igualmente repartidos por ambos os sexos e o PAN é a única força política que recebe mais votos de mulheres do que homens.