Sem Pedro Nuno, Costa reúne comissão nacional do PS para "virar a página" às polémicas
Socialistas ouvidos pela TSF assumem que as demissões no Executivo fizeram mossa, mas o debate com António Costa no Parlamento, na quarta-feira, serviu para alterar o rumo.
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O debate de António Costa no Parlamento, em que lamentou as polémicas e criticou diretamente Rita Marques e Alexandra Reis, deu um novo balão de oxigénio à família socialista, saturada de "casos e casinhos" no Governo. A comissão nacional do partido reúne-se este sábado, em Coimbra, mas uma semana depois da saída de Carla Alves e com a agitação política a abrandar, os socialistas preveem que a discussão seja "pouco agitada".
"Foi feito o que era preciso fazer", admite fonte socialista à TSF, num comentário às palavras de António Costa no debate trimestral. Além de o primeiro-ministro ter assumido que "ninguém gosta de problemas na vida interna de um Governo", Costa admitiu ainda que "aquilo que fez Rita Marques é ilegal" aceitando um cargo numa empresa à qual tinha dado estatuto de utilidade turística enquanto secretária de Estado.
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Também a antiga secretária de Estado do Tesouro "violou o estatuto do gestor público" ao não ter devolvido parte da indemnização à TAP quando foi nomeada para a NAV, palavras de António Costa, o que é visto pelos socialistas como "um virar de página" já que o primeiro-ministro "foi muito eficaz em colocar termo nas polémicas".
"O debate de quarta-feira contribuiu para a morte do artista. As pessoas sentem que o assunto está encerrado", acrescenta o deputado.
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A Operação Vórtex também ajuda a que o foco deixe de estar centrado nas polémicas governativas, com o deputado do PSD Joaquim Pinto Moreira a centrar em si e na direção do partido as atenções. No entanto, com um agora ex-autarca do PS acusado pelo Ministério Público, os socialistas também não têm interesse em levar o tema para cima da mesa: "Só o Chega ganha com isto", conclui.
Uma semana após "o caos", a comissão nacional do PS "não terá uma discussão agitada", já que o "clima político está a voltar ao normal": "Não acho que vá existir nada de diferente do que tem acontecido", diz um dirigente nacional, numa referência às críticas que são feitas apenas pela oposição minoritária, liderada por Daniel Adrião.
"Estão todos com muita curiosidade, mas também tranquilos", sustenta o mesmo dirigente.
Costa focado em "virar a página". Pedro Nuno Santos "é tabu"
No discurso de António Costa logo no início da reunião, o único ponto aberto à comunicação social, prevê-se que o primeiro-ministro defenda que "as polémicas estão encerradas". Apesar de "alguns avisos à navegação", a ideia é que Costa fale "no que verdadeiramente interessa". Ou seja, "dar respostas aos problemas na habitação, ao aumento do custo de vida, além da política de saúde e de educação".
E quanto a Pedro Nuno Santos? Os socialistas ouvidos pela TSF adiantam que esse é "um assunto tabu" e ninguém tem interesse em falar no antigo ministro das Infraestruturas e da Habitação, que se demitiu do secretariado nacional logo após deixar o Governo. Nesta altura, Pedro Nuno Santos "tem interesse em ficar na sombra" e "ninguém quer agitar esse pote": nem os que estão ao lado do primeiro-ministro, nem os que defendem Pedro Nuno Santos.
O arranque da comissão nacional do PS está marcado para as 14h30, com o discurso de abertura de António Costa. Pedro Nuno Santos, que se demitiu do secretariado nacional, já não tem assento no órgão.
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