"Sem prazo, nem preço. Portugal sai prejudicado." PSD exige conhecer o acordo sobre o gasoduto
Paulo Rangel acusa António Costa de ter trocado as renováveis e o porto de Sines por "um prato de lentilhas." PSD vai levar o assunto ao Parlamento e às instâncias europeias.
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O PSD exige a António Costa que torne público o acordo firmado com França e Espanha para a construção do gasoduto ibérico: "Senhor Primeiro-Ministro, mostre-nos o acordo," desafiou Paulo Rangel, vice-presidente social-democrata, prometendo levar o tema ao Parlamento e à Comissão Europeia.
"Quanto vai custar este projeto a Portugal - quando anterior tinha todo o financiamento previsto e garantido? Quanto vai custar? Quem vai pagar? Não vai ele aumentar a fatura da energia dos portugueses? Quanto tempo vai demorar? A imprensa espanhola fala em 5-7 anos? A imprensa francesa já só fala em 2030," questionou Paulo Rangel que pretende ainda saber "que garantias nos dá de que este vá para a frente?"
O PSD refere-se ao anterior acordo firmado ainda pelo governo liderado por Passos Coelho e que acabou por nunca sair do papel, por causa da resistência por parte de França.
No dia em que António Costa anunciou o acordo, o líder do PSD, ainda sem conhecer os detalhes, tinha saudado que "finalmente" o projeto fosse concretizado. Mas agora, Rangel explica que, afinal, o PSD compreendeu que o acordo "sem prazo e sem preço" prejudica o interesse nacional.
"À tarde e à noite, quando o Primeiro-Ministro tentou explicar o novo acordo, percebemos que o Acordo anunciado entre o Presidente francês e os Primeiros-Ministros Espanhol e Português prejudica o interesse nacional, é um mau acordo, e António Costa nunca o deveria ter aceitado."
O PSD considera que Portugal "ficou pior" porque caíram os compromissos internacionais, que existiam "firmes e calendarizados desde 2014", para a construção de duas interligações eléctricas nos Pirinéus.
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"Só se manteve o Golfo da Biscaia, Mas para Portugal aquelas duas interligações eléctricas eram muito mais importantes que qualquer ligação de gás, e mais ainda que uma troca de gasodutos que secundariza o terminal de Sines. O transporte de gás importado, podendo ser útil, mas é muito menos interessante para Portugal do que para Espanha," sublinha Rangel.
Por outro lado, o PSD defende que Portugal sai prejudicado nas interligações de gás porque "faz uma troca de gasodutos que secundariza e menoriza o terminal de Sines."
Depois do debate do Orçamento de Estado, o grupo parlamentar do PSD vai questionar o Governo sobre este acordo, no Parlamento e vai dirigir questões à Comissão Europeia sobre a questão dos impactos ambientais."
"Mesmo a questão do hidrogénio verde suscita as maiores dúvidas: para lá questão das condições de produção, para integrar Portugal no "Corredor de Energia Verde" não basta a ligação Celorico da Beira-zamora, aliás reprovada no teste ambiental; é preciso adaptar toda a rede. Nada se sabe sobre isto," afirma Paulo Rangel.
Em síntese, o PSD acusa o primeiro-ministro de ter feito "anúncios triunfais de supostos benefícios, enquanto escondia e omitia as perdas graves que este acordo tem para Portugal."
"Trocamos o valor das nossas renováveis e o potencial do porto de Sines por um prato de lentilhas. Dito de modo popular, passamos de cavalo para burro," acusou o vice-presidente do PSD.
O mesmo tom crítico foi utilizado, logo no dia em que foi conhecido o acordo por Jorge Moreira da Silva - adversário de Luís Montenegro nas últimas eleições internas. Via rede social Twitter, Moreira da Silva escreveu que este acordo era um embaraço para Portugal.
Como não há memória apresenta-se como vitória histórica aquilo que é um embaraço. Comparem o comunicado conjunto de hoje com os acordos de 2014 e 2015: https://t.co/ec7suFTJ6y)
- Jorge Moreira da Silva (@jmoreiradasilva) October 20, 2022
e https://t.co/oty4K0boww pic.twitter.com/s3TV2UI1mw