Sem "promessas" nas pensões, Pedro Nuno não exclui coligações e quer "maioria do capital" da TAP para Estado
Corpo do artigo
O candidato a secretário-geral do PS Pedro Nuno Santos "não fecha" a porta a possíveis coligações políticas, admitindo que fazê-lo seria "um erro tremendo". Também não se compromete, para já, com nenhuma medida concreta em relação às pensões, acusando o PSD de "prometer o contrário do que fez" e alertando para o impacto orçamental da proposta de Luís Montenegro no valor de 500 milhões de euros por ano.
Em relação ao processo de privatização da TAP, o antigo ministro das Infraestruturas aponta que o melhor caminho seria uma "solução que permita ao Estado manter a maioria do capital", bastando para isso os 51%, no entanto, mais uma vez, Pedro Nuno não quer "fechar-se" numa percentagem específica.
TSF\audio\2023\11\noticias\29\30_novembro_2023_entrevista_pedro_nuno_santos
Pedro Nuno Santos não quer coligações pré-eleitorais, mas "não fecha portas"
Em entrevista à TSF, Pedro Nuno Santos considera que "cada partido deve fazer o seu trabalho até ao dia 10 de março e mobilizar o eleitorado para os seus projetos" para depois, consoante o "arranjo parlamentar a que se chegar", ser possível encontrar "uma solução governativa". Contudo, o socialista afirma que não está no "horizonte" do PS "qualquer tipo de coligação pré-eleitoral", apesar de não "fechar portas".
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2023/11/etsf_20231130_pedronunosantos_02_20231129170524/hls/video.m3u8
"À partida, o que não deve acontecer é que o PS feche portas. Isso seria um erro, depois de termos derrubado os muros em 2015, seria um erro tremendo, até do ponto de vista da autonomia estratégica do PS nós estarmos a reerguê-los", defende, acrescentando que, num cenário em que esta seja concretizada, deve ser assinado um acordo para que exista "um comprometimento maior".
"Mas nós estamos longe disso. É uma matéria que dependerá das eleições, dos resultados eleitorais, da relação de forças entre os diferentes partidos e por isso acho que é muito prematuro", sublinha.
Seria "profundamente negativo o PS disponibilizar-se para ser muleta de um Governo liderado pelo PSD"
O candidato a secretário-geral do PS considera um erro viabilizar um eventual governo liderado pelo PSD.
"Eu sempre fui muito crítico de qualquer forma de bloco central, seja no governo ou de um acordo parlamentar. Porque a nossa democracia precisa de de válvulas de escape, de uma expressão que deixaria de existir se nós tivéssemos o PS e o PSD comprometidos com a mesma governação", justifica.
"Quem mais beneficia com este quadro seria o Chega", reforça o candidato à liderança do PS.
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2023/11/etsf_20231130_pedronunosantos_03_20231129170549/hls/video.m3u8
"Não sou o pai da geringonça." Pedro Nuno recusa que Governo de Costa tenha sido "radical"
Nesta entrevista à TSF, Pedro Nuno Santos defende que não foi "o pai" da geringonça, mas sim António Costa. "Eu tive uma missão que me foi conferida por ele [António Costa] para promover os acordos primeiro e depois a coordenação entre os diferentes partidos que suportavam aquela solução governativa", aponta.
O candidato à liderança do PS defende ainda que o Governo socialista apoiado por PCP e Bloco de Esquerda não foi radical - é um "um extremar da linguagem que depois não tem adesão à realidade", diz.
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2023/11/etsf_20231130_pedronunosantos_01_20231129170335/hls/video.m3u8
Pensões? Pedro Nuno critica PSD e, para já, "não promete nada"
Em relação à polémica com as declarações do presidente do PSD, que prometeu a criação de um rendimento mínimo de 820 euros para todos os pensionistas beneficiários do Complemento Solidário para Idosos (CSI), Pedro Nuno garante que, "para já", não promete "nada".
"O PS tem sobre esta matéria um histórico que dá credibilidade no futuro a qualquer compromisso que nós assomamos. O PSD - temos hoje um líder do PSD a prometer o contrário do que o seu partido fez - tem mais dificuldade em conseguir convencer os pensionistas de que o programa que têm para eles é credível e é executável ou vai ser executado", destaca.
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2023/11/etsf_20231130_pedronunosantos_04_20231129170618/hls/video.m3u8
Questionado sobre se ficaria inclinado a tentar superar o valor de Montenegro, o socialista afirma que, se o fizesse, isso seria "um erro gravíssimo, não só do ponto de vista de credibilidade da democracia, mas do próprio sistema de pensões".
"Essa proposta que o PSD faz tem alguns problemas que carecem de explicação e de justificação, desde logo, o impacto orçamental dela. Nós vimos um PSD que sistematicamente faz discursos sobre a necessidade de controlar as contas públicas e apresenta uma medida que pode ter um impacto orçamental muito significativo - orçamental porque ele será pago pelo Orçamento do Estado e não pelo sistema de Segurança Social - e, dos cálculos rápidos que nós pudemos fazer, estamos a falar para o universo atual - sem o alargar, o universo dos atuais beneficiários de CSI que são pouco mais de 300 mil -, este aumento significará acrescentar mais 500 milhões de euros de despesa por ano, isso tem impacto", explica.
O antigo ministro aponta igualmente outro problema à proposta do PSD, por considerar que "desvaloriza a natureza contributiva do sistema público de pensões", defendendo que este "não pode ser irrelevante".
"O CSI é um instrumento muito importante de combate à pobreza nos nossos idosos e ele não pode substituir o regime contributivo, que nos custou muito a conseguir no país, e que é verdadeiramente o sistema que garante liberdade aos portugueses, depois de terem trabalhado uma vida inteira, terem uma reforma com dignidade", vinca.
Privatização da TAP: Pedro Nuno defende "posição negocial do Estado"
Em relação ao processo em curso de privatização da TAP, Pedro Nuno refere que há um objetivo que deve ser preservado: "A posição negocial do Estado português."
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2023/11/etsf_20231130_pedronunosantos_08_20231129170615/hls/video.m3u8
"Isso implica que nós partamos para a negociação com disponibilidade para ouvirmos e para tentarmos perceber quais são as possibilidades que nós temos. Em primeiro lugar, nós devemos tentar uma solução que permita ao Estado manter a maioria do capital, mas isso implica que se inicie um processo negocial e nós não devemos, à partida, fechar portas porque isso diminuiu a posição negocial do Estado", sublinha.
Questionado se, para isso, bastariam os 51% do capital, o socialista admite que "sim", mas ressalva que não se quer "fechar a uma percentagem particular", nem considera que o Estado o deva fazer".
Novo aeroporto? Pedro Nuno fala em "desencontro" com Costa e defende "espírito aberto" sobre localização
Pedro Nuno Santos refere que houve um "desencontro" entre ele António Costa relativamente à localização do novo aeroporto.
"Houve um desencontro e houve uma descoordenação e, no limite, quem tem a última palavra é o primeiro-ministro, por isso esse despacho foi revogado", explica.
Questionado sobre se a nova localização possa não ser Alcochete ou Montijo, como tinha anteriormente defendido, Pedro Nuno Santos afirma que há uma Comissão Técnica Independente, que "acrescentou novas localizações às 17 que já tinham sido estudadas".
"Acho que temos de estar de espírito aberto para analisar o relatório que será produzido e apresentado pela Comissão Técnica Independente", sublinha.
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2023/11/etsf_20231130_pedronunosantos_09_20231129170800/hls/video.m3u8
Reposição integral do tempo de serviço dos professores? Sim, mas Pedro Nuno não se compromete com prazos
Quanto ao tempo de serviço dos professores, o socialista defende que "deve ser reposto integralmente" de forma "faseada", mas não se compromete com prazos.
"Não posso fazer esse compromisso. Nós não entregámos a nossa moção, o nosso programa eleitoral vai ainda ter de ser feito e, por isso, alguma cautela quanto ao prazo. Quanto ao objetivo, ele, para mim, é claro", refere.
O candidato à liderança do PS admite ainda que há "uma grande dificuldade em recrutar e reter quadros qualificados na administração pública" e a área da docência não é exceção.
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2023/11/etsf_20231130_pedronunosantos_05_20231129170522/hls/video.m3u8
Pedro Nuno defende que acordo com médicos "é obrigatório"
Ainda nesta entrevista à TSF, Pedro Nuno Santos confessa ter "muitas dúvidas" que o recurso ao setor privado por parte parte do SNS "seja a forma mais eficiente de gerir os recursos públicos".
"Há um conjunto de atividades que podem ser internalizadas e isso garantir uma maior eficiência na própria gestão do serviço público", argumenta.
Para Pedro Nuno Santos, "é obrigatório" fazer um acordo não só com os médicos, mas também com todos os outros profissionais do SNS.
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2023/11/etsf_20231130_pedronunosantos_06_20231129170602/hls/video.m3u8
Questionado sobre a razão para a falta de acordo, o candidato à liderança do PS refere que não esteve negociações e, por isso, "tem mais dificuldades" em responder.
"Eu conheço o ministro da Saúde e reconheço a grande capacidade política ao atual ministro da Saúde e ainda tenho a expectativa de que o acordo venha a ser atingido. Espero que o ministro da Saúde tenha ao seu dispor todas as condições necessárias para chegar a acordo, porque se nós não formos capazes de chegar a acordo com os profissionais de saúde, sejam os médicos, sejam os enfermeiros, o Serviço Nacional de Saúde não tem qualquer futuro e não tem qualquer viabilidade", acrescenta.
Esta foi a primeira entrevista em rádio com Pedro Nuno Santos enquanto candidato à liderança do PS, conduzida pela diretora de informação da TSF, Rosália Amorim, e Nuno Ramos de Almeida (DN).
