Sentimento de dor juntou milhares em Lisboa para pedir justiça por Odair Moniz. Veja as imagens
"Somos castigados e ainda saímos do tribunal como criminosos. Espero que este processo não passe em branco como o meu", afirmou Cláudia Simões, salientando que a polícia trata as pessoas de alguns bairros "como lixo"
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O sentimento de dor juntou este sábado milhares de pessoas na Avenida da Liberdade, em Lisboa, para pedir "justiça" por Odair Moniz, o homem baleado esta semana por um agente da PSP, numa manifestação considerada histórica pela união das várias comunidades.
Organizada pelo movimento Vida Justa, a iniciativa conseguiu reunir pessoas de diferentes culturas e etnias, que desfilaram cerca de uma hora e meia entre o Marquês de Pombal e a Praça dos Restauradores, num percurso marcado por gritos de protesto, sendo a principal palavra de ordem "justiça para o Odair".
Empunhando bandeiras vermelhas do Vida Justa, bem como de Cabo Verde (país de origem de Odair Moniz), os manifestantes também gritaram "Violência policial, violência cultural", "os bairros unidos jamais serão vencidos" e, em crioulo cabo-verdiano, "Nu sta junta, Nu sta forti [Nós estamos juntos, nós estamos fortes]".
Na Praça dos Restauradores, várias pessoas depositaram flores no monumento onde estava uma fotografia de Odair Moniz, além de vários participantes na manifestação terem discursado.
Entre as intervenções, pediram-se aplausos para a "união histórica" alcançada na iniciativa, com o presidente da Associação Moinho da Juventude, da Cova da Moura (Amadora), Jacklison Duarte, a deixar um pedido: "Unidos, juntos e organizados podemos ouvir a nossa voz."
O responsável disse ainda, referindo-se aos tumultos verificados esta semana em diferentes zonas da Área Metropolitana de Lisboa, que "nem todos os carros queimados foram queimados pela gente do bairro".
Cláudia Simões, cidadã que acusou um agente da PSP de a agredir, numa paragem de autocarro na Amadora, em 2020, também falou no palco improvisado para dizer que passou "pelo mesmo sistema" de violência policial.
"Somos castigados e ainda saímos do tribunal como criminosos. Espero que este processo não passe em branco como o meu", afirmou, salientando que a polícia trata as pessoas de alguns bairros "como lixo".
A manifestação, onde estiveram algumas pessoas de cara tapada, terminou cerca das 18h00 com um minuto de silêncio.