Ser Capital Verde “seria ouro sobre azul”, mas Guimarães já venceu na mudança de mentalidades
Comissão Europeia revela, esta quarta-feira, a cidade que irá receber o título de Capital Verde Europeia 2026
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Guimarães (Portugal), Heilbronn (Alemanha) ou Klagenfurt (Áustria), uma destas cidades será Capital Verde Europeia 2026. A decisão da Comissão Europeia será anunciada, esta quarta-feira, pelas 13h30, numa cerimónia que terá lugar em Valência, cidade que detém, este ano, o título.
A comitiva vimaranense já está na cidade espanhola. A TSF conversou com a vice-presidente do município de Guimarães e vereadora responsável pelo dossier, Adelina Paula Pinto, que acredita que a cidade berço apresentou “uma boa candidatura”. Está mais madura em relação à primeira tentativa, em 2017, e com pontos melhorados, tendo em conta a apresentada no último ano, em 2023.
A vice-presidente não esconde que vencer seria “ouro sobre azul”, porém, caso o resultado não seja o esperado, isso não significa que o trabalho em prol da sustentabilidade ambiental deixe de ser uma prioridade para a autarquia. “Vamos tirar um tempo para reflexão”, declara. Certo é que não haverá uma nova candidatura por parte deste executivo que, em 2025, termina funções.
A cidade galardoada com o título de Capital Verde Europeia irá receber um prémio monetário de 600 mil euros que, de acordo com Adelina Paula Pinto, será utilizado para ajudar a disseminar “boas práticas", captar para a cidade berço "os principais congressos ambientais que se fazem no mundo" e, sobretudo, "inspirar outras cidades (medianas) a seguirem os passos de Guimarães".
Desafiada a apontar algumas das maiores conquistas de Guimarães no panorama da sustentabilidade, Adelina Paula Pinto refere a mudança de mentalidade dos cidadãos.
“Os vimaranenses estão hoje muito mais empoderados, mais críticos e muito mais conscientes desta necessidade de ter uma outra postura perante o ambiente. Já nenhum cidadão permite, ao passar junto ao rio, que exista um vestígio de poluição", frisa.
O município de Guimarães reativou, há três anos, a figura dos Guarda-Rios que patrulham as margens dos rios Ave, Selho e Vizela.
Durante a década de 80, o Rio Ave foi alvo de diversas descargas poluentes por parte da indústria têxtil instalada na região. Era, por isso, natural que o rio apresentasse várias tonalidades. Nos dias que correm, a fauna e flora estão lentamente a regressar. Um trabalho que tem vindo a ser feito em parceria com o Laboratório da Paisagem.
O Município de Guimarães já tornou pública a sua ambição de, até 2026, conseguir a primeira praia fluvial reconhecida pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Outro dos projetos em curso prende-se com a criação de 61 quilómetros de ciclovias junto às linhas de água, ligando o território até ao centro urbano da cidade.
Recorde-se que a cidade onde “nasceu Portugal”, é uma das três portuguesas que integram a Missão Cidades, uma iniciativa da Comissão Europeia que tem como objetivo tornar cem cidades europeias climaticamente neutras até 2030, ou seja, 20 anos antes do objetivo de Portugal e da própria União Europeia.
Lisboa (em 2020) foi a única cidade portuguesa, até ao momento, a arrecadar o selo de Capital Verde Europeia.
