O Ministério da Saúde cortou o financiamento do CheckpointLx, em Lisboa. O centro foi criado há três anos e oferecia um serviço de rastreio do VIH/SIDA e de outras doenças sexualmente transmissíveis.
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O serviço foi distinguido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças como exemplo de boas práticas e de inovação.
O CheckpointLX, serviço de consulta de doenças sexualmente transmissíveis, no Príncipe Real, em Lisboa, foi encerrado por falta de verbas. O centro é gerido pelo Grupo Português de Ativistas sobre Tratamento de VIH/SIDA (GAT) e recebia um apoio financeiro anual de cerca de 34 mil euros, que servia quase na totalidade para pagar as análises feitas pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical e pelo Instituto Português de Oncologia (IPO).
Segundo Luis Mendão, presidente da direção do GAT, o Ministério da Saúde justificou o fim do financiamento com o facto de ser um "um apoio dado em 2011, ainda durante o anterior Governo". As autoridades de saúde consideraram que "era preciso encontrar uma outra solução", porque o apoio tinha sido acordado para um projeto de carácter experimental e tinha a duração de três anos, mas, na realidade, "o projeto transformou-se num serviço".
Luís Mendão explica que o financiamento chegou ao fim em dezembro do ano passado. O centro manteve as consultas nos últimos oito meses, graças ao trabalho voluntário dos profissionais de saúde, mas o GAT teve de encerrar o serviço por não conseguir assegurar os pagamentos aos institutos que fazem as análises.
Como solução, o GAT propôs ao Ministério da Saúde a criação de um protocolo com o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, considerado o laboratório de referência para as infeções sexualmente transmissíveis. "O dinheiro não chegaria sequer às nossas mãos, nem passaria pelas nossas contas. Seria pago diretamente da Autoridade Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo ao Instituto Ricardo Jorge", sublinha Luís Mendão.
Nos últimos três anos, "foram reportadas e tratadas mais de trezentas infeções, foram rastreados em risco de cancro anal mais de 50 pessoas e foram atendidas mais de mil pessoas. Nós teríamos capacidade para aumentar a oferta, desde que tivéssemos via verde para prescrever análises", garante o responsável.
Luís Mendão lamenta o encerramento das consultas e avisa que Lisboa fica sem alternativa, porque apenas se mantém em funcionamento, com carácter gratuito, a consulta no Centro de Saúde da Lapa, mas "está permanentemente cheia e diminuiu a sua capacidade de resposta com a reforma de uma das médicas. Não podemos pensar que as pessoas que eram vistas no Checkpoint passem a ser vistas na Lapa, porque a Lapa está no limite da sua capacidade de resposta".
A TSF já pediu esclarecimentos à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.