Sete meses à espera. Burocracia trava plano de intervenção florestal em Monchique
Denúncia da Associação de Produtores Florestais do Barlavento Algarvio que acusa o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas de atrasar a aprovação num "processo burocrático estúpido e sem fim".
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Foram sete meses à espera da luz verde do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) que nunca chegou, denuncia no jornal Público Emílio Vidigal, presidente da Associação de Produtores Florestais do Barlavento Algarvio (Aspaflobal).
""Está tudo embrulhado na burocracia, só nos fazem perguntas de lana caprina e nada avança", acusa Emílio Vidigal que "há sete meses" espera a aprovação de um projeto estruturante para a Zona de Intervenção Florestal (ZIF) da Perna Negra. Foi ali que, na sexta-feira, romperam as chamas que ainda hoje queimas a Serra de Monchique.
Emílio Vidigal não garante que se o plano já estivesse no terreno teria evitado o alastrar das chamas, mas tem a certeza que o combate teria sido mais efetivo. O projeto prevê, por exemplo, a criação de pontos de água e de caminhos de acesso para combate a fogos.
É por isso que o presidente da Aspaflobal se sente "revoltado" quando ouve alguém falar na dificuldade de acesso de viaturas à zona em chamas. "Toda a gente sabe que esse era um dos problemas que era preciso resolver", diz.
O presidente da Associação de Produtores Florestais do Barlavento Algarvio denuncia que o ICNF sabia que era um assunto "urgente" mas em vez de resposta apenas sobrou um processo "burocrático estúpido e sem fim". E cita, como exemplo, o facto de o comprovativo da ausência de dívidas à Segurança Social caducar a cada três meses. Emílio Vidigal diz que já falou com o secretário de Estado da Administração Interna que até "ficou indignado", mas nada avançou.
"Há mais de um ano todos sabem que a Serra de Monchique "estava no topo da lista das zonas com maior risco de incêndios florestais". Um estudo do Centro de Estudos Florestais, divulgado em maio, dizia isso mesmo.
Em junho, o primeiro-ministro António Costa, e o autarca Rui André apontavam Monchique como "exemplo da preparação" no combate aos incêndios.