Governo prevê saída de 7000 agentes da PSP e GNR. Coletivo de sargentos diz que défice é maior
O Governo prevê a saída de sete mil agentes e guardas nos próximos quatro anos. A Associação Nacional de Sargentos coloca em causa estes números, e afirma que o poder político está mal informado sobre o défice de recursos humanos nas forças de segurança.
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Haverá menos sete mil agentes de segurança da PSP e GNR nos próximos quatro anos. É a previsão do Governo, que justifica este cálculo com o final de carreira de 3322 profissionais da GNR e de 3483 da PSP durante esse período, de acordo com a publicação Correio da Manhã . No entanto, a Associação Nacional de Sargentos acredita que o poder político não está bem informado acerca da falta de militares da GNR.
À TSF, o Ministério da Administração Interna recusa tecer quaisquer comentários sobre os números apresentados pelo jornal diário.
Ouvido pela TSF, José Lopes, representante da Associação Nacional de Sargentos, coloca em causa estes números: "Os dados que nos chegam do MAI mostram que não faz sentido. Como é que alguém pode dizer que necessita de sete mil - no caso da GNR perto de três mil - se esses números não podem chegar da instituição?"
O militar mostra alguma incredulidade face à subvalorização dos meios deficitários que a GNR apresenta por parte do Executivo. "Os três mil dizem respeito ao que se vai fazer sentir daqui para a frente. Então e os outros? A instituição está a dizer isto ao poder político? Está a deturpar e a contar com o esforço dos outros?"
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Na perspetiva de José Lopes, "há aqui, por parte do comando da guarda, algo que não faz sentido". O responsável da Associação Nacional de Sargentos questiona, portanto: "Está a enganar o MAI? Quem está a enganar quem?" Ao mesmo tempo, fala de uma possível "conivência com o poder político". De acordo com o que o Correio da Manhã noticia esta sexta-feira, a estimativa consta de um documento entregue pelo secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna aos sindicatos, para que se iniciem as negociações deste processo de reforma.
O secretário de Estado Antero Luís espera que a GNR e a PSP apresentem as suas propostas até 9 de janeiro, para que configurem num "plano plurianual de admissões" de forma a não comprometer os "níveis de operacionalidade".
Sobre o pedido de de propostas dos sindicatos até quinta-feira, a Associação Nacional de Sargentos defende que o Governo deve rever os salários e os suplementos atribuídos às forças de segurança. "Quem pensa um dia vir para a instituição se ela não for atrativa? Um dia as populações vão precisar e não vão ter essa garantia."
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José Lopes acredita que esta falta de efetivos é um problema que não se resolverá no imediato, o que poderá levar a uma implosão da GNR e da PSP. O militar alerta: "Vai ser complicado nós continuarmos a assegurar este serviço. Vai ser muito complicado."
"Só na categoria de sargentos há cerca de 400 a menos na instituição. É toda uma estrutura que se começa a degradar. Já está degradada, vai implodir e não há forma de contornarmos esta situação", argumenta. José Lopes considera que a falta de condições de trabalho é a semente que faz germinar novos movimentos radicais entre os militares e os polícias. "Não concordo com estes novos movimentos inorgânicos que constatamos, mas reconheço que haja uma razão para tal. O Governo anda a brincar com os militares da guarda", alega.
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A primeira versão deste plano será apresentada já durante o mês de janeiro, altura em que o Orçamento do Estado será discutido na especialidade. Antero Luís prevê, conforme foi confirmado pela TSF junto do Ministério da Administração Interna, que os pagamentos de retroativos de suplementos em férias do período entre 2010 e 2018 sejam feitos em quatro anos, com duas tranches anuais. No entanto, o Correio da Manhã relata que o secretário de Estado espera uma contraproposta até quinta-feira, e, sobre os suplementos remuneratórios, aguardará também sugestões até 16 de janeiro.
A data final para receber contributos para a nova Lei de programação de infraestruturas e equipamento das duas polícias é 13 de fevereiro. O documento apresenta ainda uma promessa de apresentação de proposta de um diploma sobre segurança e saúde no trabalho, para a respetiva ponderação sindical, para 5 de março.
* Atualizada às 10h40