"Setenta por cento" das armas certificadas em Viana a partir de 2022 vão para os EUA
Banco de Provas da PSP, em início de laboração na zona industrial de Neiva, deverá entrar em plena atividade no segundo semestre do próximo ano.
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"Atenção: três, dois, um, fogo!". O agente principal Castro da PSP, faz uma demonstração de testagem com disparo de "uma arma curta", ainda não pronta para entrar no circuito comercial, no novo Banco Nacional de Provas de Armas de Fogo e Munições, inaugurado há dias na zona industrial de Neiva em Viana do Castelo. Deu assim o tiro de partida a uma visita da TSF, num laboratório que remete para uma cena de cinema. E onde é necessário usar óculos e auscultadores de proteção. Mesmo assim o estampido das munições pode fazer estremecer a assistência.
O novo Banco de Provas, que funciona sob direção da PSP, está em fase de arranque. Por agora, está ainda a cumprir o passos necessários à sua certificação por uma Comissão Internacional Permanente. Após conclusão do processo, milhares de armas de âmbito civil destinadas ao circuito comercial nacional e internacional (para caça, tiro desportivo e defesa pessoal), terão de passar pelo crivo da equipa de 12 pessoas, que para já vai afinando o funcionamento do espaço destinado às provas. A atividade plena deverá começar a partir do segundo semestre de 2022, certificando armamento comercial produzido em Portugal, que até agora era testado e homologado na Bélgica, antes de ser introduzido no mercado. E seguir principalmente para os EUA (70%) e vários países da União Europeia, incluindo também território nacional.
O disparo técnico é a fase mais impactante do circuito de provas, mas nem só de tiros se faz um equipamento de homologação e certificação de armas. O de Viana do Castelo divide-se em duas áreas: administrativa e técnica, com salas de inspeção, teste de armas e munições e controle de qualidade e segurança, laboratório e também zona de desativação de armamento. O circuito termina num túnel de disparo com 100 metros de comprimento.
"As armas de fogo entram aqui ainda no processo de fabrico. O banco de provas irá selecionar diretamente com os operadores económicos, fabricantes de armas, componentes e munições. E antes de serem validados esses artigos, terão de ser testados e ter o aval do banco, para depois entrarem no mercado", descreveu o Subcomissário Frederico Ribeiro, coordenador do novo equipamento, inaugurado há duas semanas pela ministra da Administração Interna, Francisca Van Dunem. Explicou que "em Portugal há quatro armeiros licenciados pela PSP e são produzidas cerca de 100 mil armas por ano, principalmente espingardas e carabinas".
Naquele equipamento, construído de raiz na zona industrial de Neiva, através de um investimento de cerca de 3 milhões de euros, funciona também um laboratório para identificação de armamento, algum dele utilizado em crimes. E uma sala de desativação de armas de fogo, que por norma se transformam em objeto decorativo. "São para colecionadores e também para pessoas que não tem licença de porte de arma e que, por herança, motivos sentimentais, querem manter o objeto, que é totalmente desativado e de forma irreversível", concluiu o Subcomissário Frederico Ribeiro.