É um dos bairros mais típicos de Lisboa. E o Santo António é vivido a sério. A TSF ouviu as memórias de uma antiga varina e de uma carregadora de peixe no ponto de encontro da Madragoa - o Seven Seas.
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No cruzamento da Rua Vicente Borga com a Calçada de Castelo Picão fica a Esquina da Paciência. A origem do nome perdeu-se nos tempos. É um ponto obrigatório no coração da Madragoa. E quem lá passa, para sempre para dois dedos de conversa.
Estrategicamente localizado na Esquina da Paciência está o Seven Seas. O nome em inglês ficou dos anteriores donos, mas para os madragoenses é o café da Lúcia. Servem-se refeições baratas (e tipicamente portuguesas), toma-se a bica a seguir ao almoço, discute-se futebol, fala-se dos problemas do bairro, recordam-se memórias de outros tempos.
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Deolinda é uma das clientes habituais. Foi carregadora e descarregadora de peixe na Ribeira. Não lhe faltam histórias para contar. Destes dias de festa, lembra as noites quentes, os grelhadores na rua, a música a animar quem passava, os enfeites por todo o bairro.
Também Ana Rosa, antiga varina, lembra a noite de 12 de junho, em que o bairro ficava acordado para saber quem tinha vencido as marchas. Diretas, que acabavam com uma passagem pelo Chafariz da Esperança, para lavar a cara, e uma paragem no Cacau da Ribeira, antes de um novo dia de trabalho.
Hoje, tudo é diferente. A Madragoa tornou-se um bairro turístico e quem sempre cá morou vai saindo. As casas de família transformam-se em Alojamento Local. Tirando a noite de 12 para 13, tudo é mais calmo. E agora, grelhadores na rua, só com licença.
Mesmo assim, a noite de Santo António continua a ser forte. E a marcha da Madragoa une o bairro inteiro.
O Seven Seas vai ter o grelhador aceso. E se for como no ano passado, quando saíram 90 quilos de sardinha, a noite vai ser forte. Deolinda e Ana Rosa garantem que vão estar presentes. E vão dar tudo pela Madragoa.