Governo adianta ainda que na semana de Natal se atingiram os níveis de consumo mais elevados de 2020.
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O Governo confirma que nas duas semanas de estado de emergência antes do Natal as sextas-feiras passaram a ser o dia da semana com mais atividade económica e mais portugueses a irem às compras.
Numa altura em que o executivo se prepara para anunciar as novas medidas para o novo estado de emergência, de 8 a 15 de janeiro, o relatório ontem entregue no Parlamento com o diagnóstico do período de 9 a 23 de dezembro detalha que "enquanto o domingo continuou a ser o dia de menor intensidade da atividade económica, a sexta-feira destacou-se pelo inverso".
Recorde-se que nesse período, ao sábado e domingo, mais de uma centena de concelhos tinham proibição de circulação na via pública depois das 13 horas, com o comércio e restauração a terem de encerrar a essa hora, decisão que tem gerado críticas, de vários setores, que argumentam que o resultado foi uma aglomeração de pessoas nessas manhãs e a alguns dias durante a semana.
O relatório do Governo adianta agora que "até às vésperas do Natal estima-se que os dias 11 e 18 de dezembro [sextas-feiras] tenham sido os momentos em que a procura foi mais intensa", numa "procura que viria a crescer com a aproximação da efeméride, naquele que foi o período com o maior volume de compras desde a identificação do primeiro caso de infeção em Portugal", num aumento de procura constante de 9 a 23 de dezembro.
Aliás, "apesar das medidas restritivas estipuladas, a atividade económica também cresceu ao sábado e ao domingo, de modo progressivo" e com "a aproximação da quadra natalícia".
Estima-se, segundo o documento assinado pelo Ministério da Administração Interna e pela Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência, que nessa semana do Natal "tenham sido alcançados os níveis de consumo mais elevados do ano de 2020".
O relatório do Governo cita os dados de mobilidade da Google que pela consulta direta feita pela TSF confirmam que nos dias 22, 23 e 24 de dezembro as idas aos supermercados atingiram valores inéditos desde o início de março, ou seja, desde os primeiros dias da pandemia.
Segundo o relatório do Governo, a mobilidade dos portugueses aumentou, sobretudo, nas vésperas do Natal, "pela vontade de adquirir bens e serviços''.
O diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) adianta à TSF que não fica surpreendido com as conclusões deste relatório pois há muito tempo que alertam para as aglomerações provocadas pelas limitações à circulação e comércio nas tardes dos fins de semana.
Gonçalo Lobo Xavier detalha que "os portugueses, em face das limitações obrigatórias ao fim de semana, tiveram de transferir as compras para outros dias e nós verificámos que às sextas-feiras e até, pasme-se, às segundas-feiras que costumavam ser dias relativamente pacatos, houve um aumento de procura".
"Sempre defendemos que as limitações de horários não beneficiam a saúde pública pois a maioria das pessoas não consegue fazer as suas compras durante a semana e lamentamos que se continue a insistir nestas limitações que em vez de evitarem ajuntamentos estão a ter um efeito contrário", afirma.
O responsável da associação que representa os supermercados e grandes lojas especializadas diz que assim está a ser inevitável evitar os ajuntamentos à porta, mesmo que lá dentro sejam respeitadas todas as medidas de segurança para evitar contágios de Covid-19.
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