Sindicato do Ministério Público condena "declarações disparatadas" de Rui Rio que "revelam uma espécie de ódio"
Adão Carvalho, presidente do SMMP reage à entrevista do ex-presidente do PSD ao JN.
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O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) considera que não faz qualquer sentido que um processo em investigação determine a exoneração da Procuradora Geral da República.
Questionado pela TSF sobre a entrevista de Rui Rio ao Jornal de Notícias onde o ex-presidente do PSD considerou que Lucília Gago já se devia ter demitido e que a PGR "não tem noção do gravíssimo dano que provocou ao país", Adão Carvalho ripostou que são "declarações disparatadas".
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"Seria muito mau para um Estado que se quer de direito democrático que existisse uma decisão dessa natureza (....) por causa de um processo em investigação ,e isso na nossa perspetiva põe em causa não só o MP mas o sistema judicial", defende.
O presidente do Sindicato dos Magistrados considera que Rui Rio nutre uma "espécie de ódio" pelo Ministério Público. "Já estamos habituados às declarações do Dr. Rui Rio no passado", adianta.
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"Isso não é próprio de alguém que no passado quis ser primeiro-ministro de Portugal", afirma. "Não é próprio de alguém que quer exercer funções de responsabilidade politica ter uma visão tão pobre e tão mesquinha do sistema judicial e tão alimentada por ódios em processos em que esteve envolvido", sublinha.
Na entrevista ao JN, Rui Rio critica também o facto da procuradora Geral adjunta Maria José Fernandes estar a ser alvo de um processo interno depois de ter criticado num artigo de opinião no Jornal Público a atuação do Ministério Público na operação Influencer, que levou à demissão do primeiro ministro.
Questionado sobre se vai defender a Magistrada junto do Conselho Superior da Magistratura, o órgão que vai analisar o caso, o presidente do sindicato respondeu que a magistrada "não é sindicalizada".
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"O Sindicato defende os interesses dos seus associados", remata. "Evidentemente os magistrados que são associados têm direito ao patrocínio do sindicato em qualquer processo disciplinar ou processo de averiguações, mas esta magistrada não é sindicalizada", adianta.
Adão Carvalho, que criticou na altura o artigo de Maria José Fernandes, assegura que esse procedimento "não é nada contra a magistrada". "Há um órgão independente que tem que avaliar, e todos nós estamos sujeitos a deveres e, se os violamos, evidentemente temos que ter noção do que podem ser as consequências dos nossos comportamentos", conclui.