A Administração Regional de Saúde do Alentejo determinou "alocar em permanência equipas de médicos e enfermeiros" num lar.
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O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) acusou esta quarta-feira a ARS/Alentejo de "prepotência e ilegalidade" por querer alocar médicos e enfermeiros do distrito de Évora ao lar de Reguengos de Monsaraz onde surgiu um foco de Covid-19.
Segundo o SIM, a Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo determinou "alocar em permanência equipas de médicos e enfermeiros" ao lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVSP), onde foi detetado, no dia 18 de junho, um foco de SARS-CoV-2 que provoca a doença da Covid-19.
A determinação de alocar profissionais do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Alentejo Central, onde se inclui o concelho de Reguengos de Monsaraz, e do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) "está ferida de ilegalidade, face às convenções coletivas de trabalho e à lei geral", advertiu.
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À TSF, o presidente do SIM, João Paulo Roque da Cunha, afirma que os médicos sindicalizados devem recusar-se porque não é da sua competência prestar assistência a lares.
"Imaginemos o que seria se, em cada um dos lares do país, se fizesse este tipo de coisas", refere o representante dos médicos. O sindicalista apela a que "respeitem os horários de trabalho, férias e tempos de descanso dos médicos" e deixa críticas ao presidente da ARS/Alentejo.
"Imagine-se o que era o senhor presidente da ARS mandar os médicos atirar-se ao um poço, de preferência um poço bastante fundo. Não é função dos médicos atirarem-se a poços, particularmente quando isso representa a incompetência desta ARS em organizar as coisas", ilustra Roque da Cunha.
O SIM lembrou que no concelho de Reguengos de Monsaraz e no distrito de Évora "não vigora nem um estado de emergência, nem uma situação de calamidade, nem qualquer contingência que remotamente possa sobrepor-se à lei".
Para o sindicato, a situação no lar da FMIVSP deve-se "quer à incompetência dos responsáveis, quer da ARS do Alentejo", uma vez que "em devido tempo não tomaram as medidas preventivas e de despistagem da infeção entre utentes e funcionários".
A fundação "pode e deve ter um quadro próprio de profissionais de saúde, quer através da formulação de contratos, quer pelo recurso a prestadores de serviços, como, aliás, o fez em circunstâncias passadas e inclusive com publicitação nas redes sociais, havendo até razão acrescida para que o faça nas circunstâncias presentes", acrescentou.
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O concelho de Reguengos de Monsaraz, no distrito de Évora, regista o maior surto de Covid-19 do Alentejo, contabilizando seis mortes e 140 casos ativos, segundo a atualização hoje divulgada pelas autoridades locais.
Portugal contabiliza pelo menos 1579 mortos associados à Covid-19 em 42.454 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).