Sindicato dos Médicos condena "medidas avulsas" em início de processo negocial
As urgências não estão em risco só durante o verão, lembra Roque da Cunha.
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O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) não tem muita esperança na reunião desta quarta-feira com o ministério da Saúde.
Em declarações à TSF, Jorge Roque da Cunha explica que este é um primeiro encontro para definir as "regras do processo" de negociações, o prazo e a periodicidade das reuniões, pelo que "seria melhor se os sinais que têm vindo do Governo fossem mais simpáticos".
"A verdade é que, apesar de estar a iniciar um processo negocial, o Governo - através do orçamento do Estado e através de medidas avulsas, tem contrariado um pouco aquilo que deve ser objeto do processo negocial", condena.
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Para Roque da Cunha, "há sinais preocupantes", mas o sindicato manifesta "total disponibilidade para ser um parceiro ativo naquilo que é essencial - o investimento no Serviço Nacional de saúde e na captação de médicos".
É obrigatório que a conversa passe pela revisão de carreiras, pelos salários e pelo pagamentos das horas extraordinárias, aponta.
Em junho, a ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou um plano de contingência para evitar o fecho de urgências no verão, mas tem havido um atraso na implementação das medidas. Roque da Cunha alerta, no entanto, que as urgências "estão em risco" em todas as estações do ano.
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"Depois do acumular de vários anos de incapacidade de se fixar médicos e de se encarar o trabalho na urgência de forma diferente (...) a verdade é que foi-se agravando a situação houve aquele alarme social porque o Governo não conseguia esconder a realidade mas um mês depois nada aconteceu."
Alguns hospitais da região de Lisboa registaram um aumento da procura das urgências nos últimos dias.
O Hospital Santa Maria registou na segunda-feira "um pico de atividade", com 720 episódios no conjunto de urgências, disse à agência Lusa uma fonte do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que integra os hospitais Santa Maria e Pulido Valente.
A maioria dos utentes (550) foram atendidos na urgência central, disse a mesma fonte, apelando à população para apenas se dirigir às urgências em caso de necessidade urgente.