Sindicato exige intervenção urgente do Governo devido à falta de pediatras em Faro e Portimão
O problema da falta de profissionais continua a preocupar Joana Bordalo e Sá: "É inaceitável que a urgência externa às vezes continue a ser assegurada apenas por um médico especialista de pediatria"
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O Sindicato dos Médicos da Zona Sul exigiu esta segunda-feira a intervenção urgente da ministra da Saúde devido à falta de médicos pediatras nos hospitais de Faro e Portimão, alertando para o agravamento da situação nos próximos dias.
Em comunicado, o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS-FNAM) diz que o Ministério da Saúde é responsável por não travar a falta de médicos pediatras na Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve, levando à limitação do funcionamento das urgências pediátricas e dos blocos de partos.
"A saúde das crianças da região está em perigo e há dias sem qualquer pediatra no serviço de urgência, situação que irá agravar-se neste fim de ano", alerta o SMZS-FNAM.
Por isso, o Sindicato exigiu a intervenção urgente da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, dada a falta de médicos pediatras nos hospitais de Faro e de Portimão, e uma reunião com o Conselho de Administração da ULS do Algarve, para a qual não obteve qualquer resposta.
"A limitação do número de pediatras disponíveis tem obrigado à concentração de funções da urgência noturna num único médico pediatra escalado no serviço de medicina intensiva pediátrica e neonatal - um serviço fundamental para casos mais graves -, ficando responsável por cinco postos de cuidados intensivos neonatais, 12 de cuidados intermédios e ainda três postos de cuidados intensivos pediátricos", alerta o sindicato.
Segundo a nota, este médico é cumulativamente responsável pelo atendimento contínuo ao bloco de partos, apoio aos recém-nascidos internados no puerpério, e orientação do transporte inter-hospitalar pediátrico.
"Em situações limite, este único médico poderá ter de escolher entre socorrer um recém-nascido que necessite de reanimação, receber um doente crítico na sala de emergência ou atender uma situação de doença complexa na enfermaria", é referido na nota.
A situação iria agravar-se esta noite e durante os dias 24 e 25 de dezembro, mas entretanto foi escalado mais um médico, adiantou a dirigente do sindicato, Joana Bordalo e Sá, à TSF.
"O que aconteceu foi que soubemos depois desta nossa participação e também devido às queixas que os próprios médicos pediatras estavam a fazer, que acabaram por destacar mais um médico pediatra para dar apoio internamente à parte da medicina intensiva do bloco de partos, aos recém-nascidos e essa orientação do transporte interno hospitalar", notou.
Ressalvou, contudo, que ainda "não é claro se a urgência externa de pediatria vai conseguir estar aberta, quer no hospital de Faro, quer no hospital de Portimão ou se vai estar aberta apenas de forma alternada".
O problema da falta de profissionais continua por isso a preocupar Joana Bordalo e Sá. A dirigente sublinha que o número de médicos em serviço continua "abaixo daquilo que seria recomendado".
"É inaceitável que a urgência externa às vezes continue a ser assegurada apenas por um médico especialista de pediatria, com prestadores de serviço e, mesmo assim, não se consiga garantir um serviço aberto à população, quer em Faro, quer em Portimão, que não seja de forma alternada", atirou.
Segundo a nota, este médico é cumulativamente responsável pelo atendimento contínuo ao bloco de partos, apoio aos recém-nascidos internados no puerpério, e orientação do transporte inter-hospitalar pediátrico.
"Em situações limite, este único médico poderá ter de escolher entre socorrer um recém-nascido que necessite de reanimação, receber um doente crítico na sala de emergência ou atender uma situação de doença complexa na enfermaria", é referido na nota.
"Estas falhas sem precedentes comprometem seriamente a segurança e a qualidade dos cuidados prestados às crianças do Algarve, sendo a responsabilidade de tal situação do Ministério da Saúde e da sua inação para resolver a falta de médicos no SNS", destaca o sindicato, alertando também para a exaustão e o desgaste dos poucos pediatras que ainda restam.
Por isso, o SMZS-FNAM diz ser fundamental que o Ministério da Saúde e o Conselho de Administração da ULS Algarve "assumam responsabilidades de forma a garantir o direito à saúde das crianças da região" e "evitar a debandada dos médicos pediatras que restam devido à situação limite em que foram colocados".
