ANTRAM fala em "mais um número do sindicato", enquanto o SNMMP deixa claro que os motoristas continuam disponíveis para negociar.
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André Matias de Almeida, da ANTRAM, à saída do Ministério das Infraestruturas, acusa o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) de não estar disposto a chegar a acordo com os patrões.
"Deixámos aqui um documento em que abríamos a quase tudo a mediação para podermos negociar. Fomos chamados ao Ministério das Infraestruturas para saber que o sindicato não aceita o processo de mediação, quer impor duas condições - aumentos salariais e pagamento de horas suplementares - e isso não é um processo de negociação", revelou o porta-voz da ANTRAM.
Os patrões justificam que estão em causa "aumentos salariais na questão do subsídio e na questão da remuneração do trabalho suplementar", questões que, segundo Matias de Almeida, a ANTRAM disse "estar disponível para incluir na mediação". "O sindicato recusou a mediação e quer impor essas condições à partida", apontou.
Matias de Almeida refere que a ANTRAM não colocou "qualquer tipo de restrição à mediação", mas que o sindicato não está disposto a seguir para a mediação sem acordos em questões específicas.
"A greve foi desconvocada para se ir para um processo de mediação, é no processo que as partes apresentam as propostas", frisou, acrescentando que "o que aconteceu do domingo não passou de mais um número do sindicato".
"ANTRAM não quis evitar uma possível greve por 50 euros"
À saída da mesma reunião, Pedro Pardal Henriques reiterou a ideia de que "o sindicato sempre esteve disponível para negociar" e que os motoristas deram um "passo em frente" quando desconvocaram a greve.
"Viemos aqui hoje para criar balizas", esclareceu, frisando que é preciso haver princípios para dar início à mediação e que foram esses que o sindicato apresentou.
"Estamos a falar de 90 cláusulas e estávamos dispostos a iniciar este processo de mediação desde que ficasse assegurado aos trabalhadores o mínimo de dignidade e a ANTRAM disse que não aceita", atira o porta-voz dos trabalhadores que estiveram em greve.
Pardal Henriques afirmou que o sindicato "abdicou de muitas coisas", mas que há dois pontos em que não cede: "Não abdicaríamos do pagamento das horas extraordinárias (...) e de um aumento no subsídio específico para 80 trabalhadores que manuseiam matérias perigosas."
"A Antram não quis evitar estas novas formas de luta ou uma possível greve por 50 euros", acusa Pardal Henriques.
O porta-voz explicou ainda que o sindicato aceitou "desconvocar esta greve para dar um voto de confiança", mas deixou claro que, tendo em conta as conclusões do plenário e caso ANTRAM não entenda pilares fundamentais, os motoristas vão apresentar "novas formas de luta".
"Tirámos a espada da cabeça da ANTRAM e a ANTRAM colocou uma corda no pescoço dos trabalhadores", atirou.
"Uma das partes quis definir resultados ainda antes da mediação"
Pedro Nuno Santos também esteve na reunião no Ministério das Infraestruturas e explicou, à saída, que os resultados da mediação não podem ser impostos antes da negociação.
"Uma das partes quis definir resultados ainda antes da mediação se iniciar", esclareceu, frisando que as duas partes têm de ceder num processo deste género.
"Tentámos por todas as vias fazer com que as partes deixassem cair as pré-condições. Uma das partes não quis, mas, obviamente, uma mediação tem como objetivo chegar a resultados, eles não podem ser impostos antes de a mediação se iniciar", reforçou o governante.