Sindicatos criticam intervenção "lamentável" do MAI sobre "momentos" para fazer greve
Sindicalista acusa o ministro de ter "empurrado" os trabalhadores para esta paralisação, garante que podia ter sido evitada e deixa uma ressalva: os guardas florestais não estão abrangidos pelo despacho de situação de contingência.
Corpo do artigo
Não caíram bem à Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS) as palavras do ministro da Administração Interna sobre a greve que os guardas florestais marcaram para esta sexta-feira. José Luís Carneiro defendeu, na última noite, que "há momentos e momentos" para exercer esse direito, sublinhando que o país está em estado de contingência e não escapa, agora, às críticas.
Em declarações à TSF, a sindicalista Elisabete Gonçalves assinala ser "lamentável" que o ministro tenha escolhido fazer estas declarações, "quando na realidade foi a tutela que empurrou os trabalhadores para esta situação e para esta ação de luta".
TSF\audio\2022\07\noticias\15\elisabete_goncalves_1_n_recebidos
No dia 20 de maio - e com uma greve marcada para 25 do mesmo mês -, conta a sindicalista, o ministro da Administração Interna recebeu estes trabalhadores para averiguar "quais eram as questões" em cima da mesa e comprometeu-se a marcar uma nova reunião "ao fim de três semanas".
"Ora, três semanas volvidas, e depois de várias insistências por parte da federação para sermos recebidos, o certo é que não o fomos", lamenta Elisabete Gonçalves. Perante a ausência de "disposição" por parte do Governo para receber e negociar com os trabalhadores, avançou a greve marcada para hoje, com uma concentração a partir das 12h00 no Ministério da Administração Interna.
TSF\audio\2022\07\noticias\15\elisabete_goncalves_2_n_entram_na_co
Perante o sublinhado, por parte do ministro, de que o país está em situação de contingência devido às temperaturas altas, que elevam o risco de incêndio, Elisabete Gonçalves ressalva que os guardas florestais "não fazem combate a incêndios" nem estão previstos no despacho que decreta a contingência - "têm funções a jusante e a montante, mas no durante, no que estamos a viver, não têm uma intervenção direta".
A sindicalista assinala também que o pré-aviso de greve foi emitido a 5 de julho, momento em que "não havia situação de contingência", pelo que, defende, o ministro da Administração Interna "podia perfeitamente ter marcado uma reunião" para dialogar, evitando a greve.
Para já, José Luís Carneiro deixou a porta entreaberta na conferência de imprensa na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil: "Assim que for ultrapassada esta situação da contingência, temos todo o interesse em retomar este diálogo com este e outros sindicatos para procurar encontrar as melhores soluções."
15020918
15021313