Sindicatos das forças de segurança rejeitam ter havido avanços por parte do Governo
O dirigente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia considera que as justificações apresentadas pela Tutela para a falta de meios não são válidas. Paulo Rodrigues, da ASPP, rejeita ter havido cedências relevantes nos encontros com o Executivo.
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O presidente da direção nacional da ASPP, o maior sindicato da polícia, assegura que os problemas com viaturas da PSP são generalizados e estendem-se a todo o país.
Ouvido no Fórum TSF, Paulo Rodrigues alegou que a situação não é exclusiva de uma zona. "Não estamos só a falar de árvores, e eu acredito que o senhor secretário de Estado conheça a realidade. Provavelmente, ou não tem toda a informação ou não está a assumir exatamente o problema em concreto, porque, se olharmos hoje para as oficinas da PSP ou o sítio onde a polícia guarda as viaturas por reparar, vamos ao Porto e a Lisboa e vemos centenas de carros que estão imobilizados por pequenas avarias."
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A TSF noticiou esta sexta-feira que a falta de Orçamento de Estado para o presente ano tem atrasado a reparação de centenas de viaturas das polícias, com prejuízo para a realização de serviços e operações.
O dirigente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia considera que as justificações apresentadas pela Tutela não são válidas. "A informação que nos dão é que o Orçamento ainda não entrou em vigor e que está a ser gerido por duodécimos. Pode haver mil razões, mas daquilo que os polícias necessitam é das viaturas para fazer o serviço policial."
O secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna admitiu à TSF a preocupação face aos protestos das forças de segurança. Antero Luís fez ainda questão de falar em "avanços", que disse terem acontecido em reuniões com os sindicatos que representam a GNR e a PSP.
"Francamente não percebo como é que agora os sindicatos vêm dizer que não há avanços. Há, de facto, avanços. Se os sindicatos querem um subsídio de risco, aí não houve avanços." Há ainda outra questão em que Antero Luís concorda não ter havido um passo à frente: "Se os sindicatos querem mexer na tabela remuneratória, sobre isso não houve discussão."
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Estes dois pontos ainda "não foram discutidos, mas vão ser discutidos", conforme indicou o secretário de Estado. Antero Luís referiu, no entanto, que têm vindo a ser tomadas medidas para colmatar a lacuna de recursos. "Sobre aquilo que preocupa as forças de segurança, e que no fundo preocupa o Governo, os sindicatos e as associações - porque me parece que do ponto de vista dos princípios e dos objetivos a visão é exatamente a mesma -, penso que houve avanços, e os sindicatos terão de admitir que alguma coisa está a ser feita em prol da segurança e do país."
Esta teoria é rebatida por Paulo Rodrigues, da ASPP, que rejeita ter havido cedências relevantes nos encontros com o Executivo. "Relativamente aos avanços, eu espero que passe realmente a existir avanços, porque ainda não temos essa sensação", aponta.
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O presidente da associação sindical esclarece também que o sentimento de descrença foi espoletado por decisões de sucessivos governos. "O secretário de Estado e o Governo têm de perceber isto: nós temos sido tão descredibilizados ao longo dos anos, temos sido tão enganados que agora estamos sempre com bastante desconfiança."
Na mesma linha, o vice-presidente da Associação dos Profissionais da Guarda ressalva não notar avanços notórios nas negociações com o Governo, e que os problemas existentes exigem mais dos comandos das forças de segurança.
Para José Miguel, "isto é uma desvalorização em relação às profissões, aos profissionais e em relação àquilo que os profissionais querem ter perante o cidadão".
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"Não se pode atribuir a culpa apenas ao Governo. Temos de entender que o Governo tem o poder da decisão final, mas quer a GNR quer a PSP têm comandos, têm comandantes, e estes comandantes têm de ser os próprios a zelar pelos seus interesses profissionais", remata.