Sintomas da Covid-19 depois de recuperado? Há quem os tenha por mais de um ano
No Hospital de S. João chama-se "Covid Longa" e há doentes que continuam a sentir cansaço, depressão ou problemas de memória, depois de terem recuperado da doença há mais de um ano.
Corpo do artigo
Ainda não se sabe quanto tempo pode durar os sintomas da Covid-19 depois de se ter tido a doença. Em Portugal, há quem mantenha, há mais de um ano, dificuldades como cansaço, depressão ou problemas de memória. Por vezes, pode vir a tornar-se uma doença crónica.
No Hospital de S. João está a estudar-se a chamada "Covid Longa" e os sintomas que se arrastam em doentes que são dados como recuperados da doença. Os casos mais antigos seguidos neste hospital têm um ano e três meses. Em declarações à TSF, a infecciologista Margarida Tavares refere que "as pessoas que tiveram uma situação ligeira, independentemente de ter sido em ambulatório ou de ter obrigado a um internamento, de facto, mesmo algumas dessas pessoas persistem com sintomas até hoje".
TSF\audio\2021\07\noticias\12\margarida_tavares_1
Margarida Tavares admite que, em alguns casos, a "Covid Longa" acaba por tornar-se uma doença crónica, mas diz que "todo o mundo tem uma experiência ainda demasiado curta para saber se é uma situação que se possa chamar de crónica, o que é que poderá ficar para o resto da vida, ou pelo menos, por um período muito prolongado".
O estudo que Margarida Tavares está a coordenar vai seguindo os doentes que recuperaram há três ou seis meses, para já com um acompanhamento por telefone, e mostra o que tem sido relatado em todo o mundo: a persistência de sintomas como cansaço, dificuldade de movimentos ou perda de memória afetam todo o tipo de doentes, com ligeiras diferenças. A infecciologista explica que "as mulheres têm uma proporção maior destes sintomas, os mais jovens têm menos sintomas e os doentes mais obesos também têm um ligeiro aumento de risco da persistência de sintomas".
TSF\audio\2021\07\noticias\12\margarida_tavares_4
Geralmente, os sintomas não são agudos e vão desaparecendo com o tempo, mas afetam também quem menos se espera. "A esmagadora maioria das situações será totalmente passageira e temos que ter paciência e ajudá-los a ultrapassar esta fase, mas, por vezes, em doentes tão jovens, saudáveis, atletas, que não tinham nenhuma doença prévia, de facto, é assustador sentirem-se tão limitados", afirma.
A medicina não tem tratamentos. No Hospital de S. João, há apoio psicológico, treino de memória e reabilitação física aos doentes. Margarida Tavares explica que se trata de reensinar o corpo a fazer coisas básicas, como respirar.
13928835