"Situação cada vez pior." Movimento Vida Justa volta à rua para que a pobreza não seja "invisível"
A manifestação pretende ser um alerta "contra a repressão policial nos bairros" e pelo fim do "aumento de preços".
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O Movimento Vida Justa manifesta-se este sábado em Lisboa, marchando do Rossio a São Bento, num protesto de "uma maioria" que não quer ser "invisível", nem "silenciosa", e que exige condições de vida dignas.
"Vamos para a rua, no dia 21 de outubro, para que percebam uma coisa: somos a maioria. E é tempo dos muitos fazerem ouvir a sua voz. A injustiça persiste também por causa do nosso silêncio. Vamos tomar a palavra e exigir que se façam políticas justas que promovam a igualdade: todos e todas temos direito a ter uma vida justa, merecemo-la todos os dias em que trabalhamos, e os jovens merecem ter um futuro melhor", lê-se na convocatória da manifestação.
Reclamando "casa para viver, transportes para todos, aumento dos salários", a manifestação pretende também ser um alerta "contra a repressão policial nos bairros" e pelo fim do "aumento de preços".
Em fevereiro, o movimento protestou contra o aumento dos preços. Oito meses depois, se alguma coisa mudou, foi para pior, garante Flávio Almada, um dos porta-vozes do Vida Justa, em declarações à TSF.
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"Está cada vez mais complicado. Inclusive, o número de sem-abrigos aumentou de uma forma exponencial, o número de pessoas que não conseguem pagar a prestação dos quartos, pequenos por 400 euros. A situação está cada vez pior, por essa razão é que nós estamos na rua, porque não houve nenhuma transformação em tempos de resposta concreta para aquilo que nós estamos a exigir. Só conversas. Por essa razão, voltamos a sair mais uma vez hoje", explica Flávio Almada, que fala numa situação "insuportável".
"Se não virmos resultados, vamos continuar a fazer o que temos a fazer: lutar, sair à rua", assegura o porta-voz.
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"A maioria trabalha sobretudo na periferia, que foi transferida numa espécie de dormitório, e há muito tempo que não tem sido levado em conta. O que tem sido feito é priorizar os interesses de uma minoria rica. Isso tem de acabar. Não há outra solução", sentencia.
"Os nossos problemas parecem invisíveis. Apesar de criarmos riqueza e trabalharmos todos os dias, haja pandemia ou não, a verdade é que aquilo que se vê nas televisões, aquilo que se preocupam os governos é com os banqueiros e 'contas certas'. São sempre contas para quem é rico nunca pensam em quem trabalha", criticam os organizadores da manifestação do movimento que nasceu nos subúrbios e bairros mais pobres.
Segundo o movimento, várias organizações solidarizaram-se com o protesto que tinha concentração marcada para as 15h00, no Rossio. A partir dessa hora estará também presente uma delegação da intersindical CGTP e, ao longo do protesto, vão marcar presença a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.
A manifestação vai passar pela Rua do Ouro, Rua do Arsenal, Corpo Santo, Rua de São Paulo, Rua da Boavista, Dom Carlos I, até São Bento.
"No final, cerca das 18h00, serão feitas cinco intervenções de pessoas dos territórios populares e um apelo à paz", ainda de acordo com a organização.
Em 11 de outubro, à margem de uma visita do Movimento Vida Justa à Quinta do Lavrado, em Lisboa, um dos porta-vozes, Flávio Almada, disse que o movimento está otimista com a adesão ao protesto, porque tem sido feito um trabalho com os bairros, no sentido de os chamar à participação na vida política.