"Situação mais complicada este ano." Há 48 mil alunos em risco de começarem aulas sem professores
Lisboa, Setúbal, Beja e Faro são os locais com a maior falta de docentes
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A falta de professores é mais grave este ano do que em 2023. O Diário de Notícias revela que, a cerca de duas semanas do arranque do ano letivo, há quase 300 horários por preencher. Ou seja, se as aulas começassem esta quinta-feira, 48 mil alunos não teriam professor. A falta de docentes afeta quase todo o país, com maior destaque para Lisboa, Setúbal, Beja e Faro. Os problemas foram confirmados à TSF pelo presidente do Conselho de Escolas, António Castel-Branco, que é também docente num agrupamento de escolas em Sintra.
"No agrupamento que eu dirijo faltam 15 professores, 15 horários para completar, dos quais três incompletos, mas os outros 12 são completos e anuais. Eu, por exemplo, não tenho um único professor de espanhol, provavelmente conseguiremos colmatar estas vagas de horários anuais, mas depois vamos ter outra questão, que vai começar a surgir quando pudermos pedir os horários de substituição. Essa questão vai ser grave, é que se não há professores para os horários anuais, mais difícil será para os horários de substituição", explica à TSF António Castel-Branco.
O professor considera que o cenário é mais grave este ano por dois motivos: "O primeiro é que aumentaram o número de aposentações, acompanhado pela não renovação de professores reformados, não porque haja falta de candidatos, mas porque há falta de oferta. O outro problema que houve este ano teve a ver com os concursos de professores, ainda não tenho dados concretos, mas a situação parece-me um bocadinho complicada este ano."
"Nuvem cinzenta permanece"
Também os diretores afirmam que a situação, este ano, é pior. Filinto Lima, presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, desconfia que a falta de professores não será resolvida a tempo do início das aulas.
"Parece-nos que a nuvem cinzenta que o ano passado nós já apontávamos no arranque do ano letivo, que tinha a ver com a escassez de professores, permanece no nosso sistema educativo. Ou seja, provavelmente vamos começar o ano letivo com milhares de alunos sem professores, pelo menos, a uma disciplina. O cenário, com certeza, não é aquele que nós gostaríamos que acontecesse, que era no arranque do ano letivo, dia 12 de setembro, todos os alunos tivessem professores a todas as disciplinas", explica à TSF Filinto Lima.
A falta de professores leva a CONFAP a deixar um apelo aos docentes. A presidente da Confederação das Associações de Pais, Mariana Carvalho, pede aos professores que não deixem os alunos sem aulas.
"Costumo dizer que os professores deverão ser - e a maioria deles são - encantadores de crianças e jovens e, portanto, mantenham o encantamento com os nossos filhos. Os nossos filhos também já estão desejosos para regressar e conhecer as suas turmas e os seus professores", afirma.
A falta de professores é um dos temas que a CONFAP vai discutir com o ministro da Educação, num encontro marcado para esta tarde. Mariana Carvalho vai aproveitar para recordar outros problemas que preocupam a CONFAP, como, por exemplo, "a recuperação das aprendizagens, o digital, a infraestrutura para a Internet e computadores e a saúde mental e emocional".
Notícia atualizada às 11h17