"SNS em agonia completa." Sindicatos dos médicos preocupados com pausa nas negociações com o Governo
A FNAM e o SIM defendem que é urgente que as conversas sejam retomadas. A Associação dos Administradores Hospitalares também admite preocupação com esta interrupção.
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A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) ainda não teve respostas do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, para que sejam retomadas as negociações com os sindicatos, interrompidas por causa da crise política. Joana Bordalo e Sá, presidente da FNAM, defendeu esta quinta-feira de manhã no Fórum TSF que é urgente que estas conversas sejam retomadas e esta sexta-feira vai a Bruxelas para sensibilizar os eurodeputados para os problemas na saúde.
"O que esperamos é que os eurodeputados nos ouçam e expliquem que a nível europeu, em sede própria, a situação da saúde em Portugal, a situação do Serviço Nacional de Saúde que está em agonia completa e não se resolve também devido a este conflito que existe pelo facto de o Ministério da Saúde não ouvir os médicos. É isto que vai estar em cima da mesa. É importante denunciarmos toda esta situação, mas também apresentarmos as soluções e o que seria possível fazer para reverter toda esta situação", explicou à TSF Joana Bordalo e Sá.
O ministro da Saúde afirmou, na quarta-feira, que nesta altura ainda está a avaliar as condições políticas para voltar a negociar e defendeu que nas negociações com os sindicatos dos médicos ainda se estava longe de um acordo. Palavras que a presidente da FNAM vê como uma contradição de Manuel Pizarro.
"As palavras de Manuel Pizarro revelam uma grande contradição porque se até ao dia 8 de novembro, que era para quando estava agendada a última reunião que foi cancelada sem qualquer explicação, parecia sempre muito otimista e verbalizava que estaríamos já perto de chegar a um acordo, é estranho que agora verbalize que, efetivamente, estaríamos muito longe de um acordo. Na verdade, esta última posição é que é a realidade", esclareceu a presidente da FNAM.
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Também no Fórum TSF, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, fala numa crise política em cima da crise no Serviço Nacional de Saúde que não é boa para o país.
"Estando o Governo na plenitude das suas funções até meados de janeiro, como o Presidente da República expressou e os vários membros do Governo, nomeadamente a ministra da Presidência, ainda há dois dias lembraram, era fundamental, assim o Governo queira, que isso acontecesse. Da nossa parte sempre houve total disponibilidade", garantiu Roque da Cunha.
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Já o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, assume estar preocupado com a interrupção das negociações e considera que o tempo se está a esgotar para que se consiga chegar a um acordo.
"O problema, e temos de dizer também de uma forma clara, é que as condições de negociação já não são as mesmas. Teremos provavelmente menos de um mês para que o Governo entre em funções de gestão, essas funções de gestão limitam a capacidade do Governo para legislar e, portanto, temos dúvidas de que estas duas ou três semanas, eventualmente um mês, sejam suficientes para um acordo", admitiu Xavier Barreto.
O responsável lembra que a situação no Serviço Nacional de Saúde tende a agravar-se.
"É verdade que ainda não tivemos um aumento de procura drástico, que geralmente resulta do aparecimento dos picos de gripe, mas pode vir a acontecer e coincidir com um período de maior escassez de profissionais. Não negamos que provavelmente aconteça na segunda quinzena, que é uma altura em que muitos profissionais têm férias e isso preocupa-nos. Nessa altura podemos ter menos profissionais a trabalhar e um aumento de procura", alertou o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares.
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