"Só com aproximação de ambas as partes pode haver entendimento", afirma ministro da Saúde
Manuel Pizarro considera que os aumentos propostos aos médicos "não se podem desvalorizar".
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Pode haver um ou outro ponto que será mais detalhado na próxima reunião com os sindicatos marcada para dia 19 de outubro, mas o essencial da proposta do Ministério da Saúde já foi apresentado aos médicos.
Os sindicatos garantem que o ministro da Saúde não apresentou qualquer documento escrito no último encontro, mas Manuel Pizarro responde às criticas: "É evidente que vamos apresentar um documento escrito", garante.
"Já apresentámos um documento que foi amplamente difundido e que a comunicação social teve acesso", lembra.
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"Não tem ainda todos os detalhes técnicos das propostas, mas é um documento em que o nosso diálogo se pode basear", acredita. No entanto, ressalva que só com "aproximação de ambas as partes" pode haver entendimento.
Embora acrescente que não quer fazer na comunicação social esse debate, mas sim na mesa negocial com os sindicatos, Manuel Pizarro considera que a proposta que está em cima da mesa é razoável. "Quando nós estamos a propor aumentos salariais nalguns casos de 23%, noutros de 32% e para os médicos que fazem serviço de urgência e vão para dedicação plena de 50%, não estamos a falar de aumentos que se possam desvalorizar", acrescenta.
Numa altura em que há hospitais, como o de Braga, a reduzirem camas nos serviços devido à recusa dos médicos em fazerem mais do que 150 horas de trabalho extraordinárias, situação que já levou os administradores hospitalares a mostrarem preocupação, o ministro da Saúde diz apenas que é necessário "organizar os serviços da melhor forma possível".
"É evidente que é preocupante que haja circunstâncias em que nem toda a capacidade de resposta pode estar disponível", sublinha. Manuel Pizarro considera que, nesses casos, ou se encontra respostas em rede ou tem de se "encontrar soluções hospital a hospital que permitam mitigar essa decisão".
Questionado sobre se a proposta apresentada aos médicos de um horário de trabalho de 35 horas (ao invés das 40 horas) pode pôr em causa a capacidade assistencial aos doentes, o ministro da Saúde não se mostra preocupado e sublinha que essa situação abrange apenas os médicos que fazem urgência.
"Eles[médicos] podem continuar no atual regime de 40 horas, podem evoluir para o regime das 35 horas ou para a dedicação plena que são 35 horas +5, mas com regras um pouco diferentes", explica. "Os médicos que fazem urgência têm um descanso compensatório, que naturalmente desaparecerá se mudarem para o horário das 35 horas", afirma.
O ministro da Saúde inaugurou em Olhão e S. Brás de Alportel duas unidades de saúde familiares que permitirão a todos os utentes destes concelhos terem médico de família.